São Paulo, sábado, 2 de maio de 1998

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SAÚDE

Com prevenção a partir dos 40, médicos tentam adiar doenças "inevitáveis' e que deixam sequelas, como derrame, para dar qualidade de vida ao idoso


Vida longa e saudável é o novo desafio da medicina

ANDRÉ LUIZ GHEDINE
da Equipe de Trainees

O desafio atual dos médicos é fazer com que o aumento da "quantidade de vida" seja traduzido em qualidade de vida. Ou seja, a pessoa deve ficar velha, mas continuar fazendo quase todas as atividades realizadas antes.
Na prática, isso significa tentar prevenir -ou "adiar"- infartos, Alzheimer e derrames, doenças que deixam sequelas até a véspera da morte.
Se hoje uma pessoa tem um derrame aos 60 anos, ele poderá viver mais 23 anos, mas com dificuldades de locomoção, de fala, de memória e outras sequelas.
Com a prevenção, esse mesmo homem viveria bem até os 83 anos, sofreria o derrame e morreria em consequência dele. "A pessoa deve viver ao máximo bem e logo morrer", diz o geriatra João Toniolo, 39, diretor-clínico do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Mas, segundo os médicos, viver bem tantos anos significa abrir mão de certos excessos -quase sempre muito prazerosos. É preciso controlar gordura, sal, açúcar, fazer exercício, não fumar, beber moderadamente e esquecer a praia ao meio-dia (veja quadro na página 5).
"Uma velhice bem-sucedida é fruto de uma vida bem-sucedida", diz Luiz Eugênio Garcez Leme, 46, assistente-doutor de geriatria da Faculdade de Medicina da USP.
Todos vão envelhecer, a diferença está no modo como cada um vai chegar à terceira idade. O envelhecimento com saúde é chamado de "senescência", já a velhice com doença é "senilidade".
"Não adianta a medicina atuar depois dos 65 anos, porque ela vai estar apenas minimizando coisas que já aconteceram", diz Toniolo.
O geriatra e gerontólogo Norton Sayeg, 48, diz que uma maneira eficaz de evitar os problemas da velhice e cortar a ingestão de calorias em, pelo menos, 20%.
Sayeg também recomenda revisões médicas periódicas. A época ideal para procurar um geriatra é a partir dos 40 anos, idade em que as condições orgânicas começam a se alterar.
Os problemas mais comuns entre os idosos são os cardiocirculatórios (coração), osteoarticulares (artrose), neurológicos (derrame) e o câncer (próstata e mama) -males que não têm cura, mas podem ser evitados ou tratados, se diagnosticados cedo.
Uma pesquisa feita com centenários na Inglaterra mostrou que alguém que tem uma velhice saudável e consegue ultrapassar a barreira dos 80 anos pode ter menos problemas do que um de 70 anos.
Todos os 79 centenários (pessoas com mais de 100 anos) pesquisados viviam desde os 90 anos tomando apenas um medicamento.



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