São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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PRESIDÊNCIA / ESTRATÉGIA PARA O 2º TURNO

Heloísa afirma que não irá apoiar nem Lula nem Alckmin

Candidata do PSOL fala que resultado é "vitória do banditismo", mas evita defender voto nulo; presidente é maior alvo de críticas

Senadora compara Lula com Fernando Collor, eleito para ocupar sua vaga no Senado, e diz haver "protesto do povo de Alagoas" em voto


FERNANDA KRAKOVICS
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

Candidata à presidência pelo PSOL, a senadora Heloísa Helena (AL) disse ontem à noite que seu partido não apoiará no segundo turno nem Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem Geraldo Alckmin (PSDB).
"Seria rasgar 12 anos de história e confronto político com o projeto neoliberal do PSDB e contra a gangue partidária que virou o governo Lula. Nossos eleitores são homens e mulheres livres. Não precisam da nossa indicação para escolher em quem votar", disse a senadora.
Expulsa do PT em 2003, Heloísa Helena disse que foi a vitória do "banditismo político, da roubalheira, da corrupção, de tudo isso que aconteceu no Brasil e é muito triste."
A principal estratégia de campanha da senadora foi tentar mostrar que a disputa entre Alckmin e Lula seria uma falsa polarização, já que eles teriam o mesmo projeto político. A expectativa de militantes do PSOL era que ela não apoiasse ninguém em um segundo turno. Indagada se considera o voto nulo uma "posição definida", a senadora não quis responder.
"Meu voto é nulo", disse o candidato do PSOL ao Senado por Alagoas, Otávio Cabral, ao falar do segundo turno. É a mesma posição do tesoureiro do partido, Mário Agra, candidato a deputado estadual por Alagoas: "a democracia é assim. Se aceita o resultado das urnas mesmo quando é baseado na falta de acesso à informação, na utilização do dinheiro público roubado para comprar lideranças políticas, na utilização do velho balcão de negócios sujos onde se troca cargos, emendas [ao Orçamento] e poder."

Lula e Collor
Heloísa chegou às 7h30 em sua seção eleitoral, dirigindo o próprio carro. Como não queria furar a fila, colocou a prima Lúcia de Fátima guardando um lugar para ela, por cerca de uma hora, enquanto tomava café na casa de uma amiga em frente.
Após votar, a senadora se isolou em Palmeira dos Índios, cidade onde passou sua adolescência e onde mora seu irmão. No caminho ela parou em casas de parentes e amigos e cumprimentou pessoas nas ruas.
Heloísa disse que o governo Lula contribuiu para o atraso do país ao apoiar velhas oligarquias. "Sempre foram privilegiadas pelo governo Fernando Henrique e pelo governo Lula. É fácil sobreviver tendo a máquina do governo federal. É muito mais fácil culpar o povo do que reconhecer que o governo federal alimentou a sobrevivência dessas oligarquias", disse a candidata do PSOL.
Ela nivelou Lula com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, eleito para o Senado na vaga deixada por ela. "Talvez o povo de Alagoas tenha feito um protesto porque Lula roubou tanto ou mais do que ele e permaneceu no Palácio do Planalto", disse ela.


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