São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice FRANCIS BACON Pintor devorou tudo e todos
da Reportagem Local Francis Bacon (1909-1992) não conheceu Oswald de Andrade ou Tarsila do Amaral, mas o fogo antropofágico ardeu intensamente em sua produção artística. Poucos artistas encarnaram o conceito que rege a 24ª edição da Bienal com tanta abrangência e pertinência como esse irlandês. Em sua longa e atribulada vida artística, Bacon incorporou não apenas imagens e valores de artistas alheios, como Velázquez, Van Gogh e Piero della Francesca (leia texto nesta página), mas também devorou linguagens inteiras, como fotografia, cinema e poesia. Também a resolução plástica que conferiu a seus trabalhos é plena de características antropofágicas. Suas pinceladas são fluxos de cor e emoção e constroem corpos que perdem seus limites, se deformam e se dissolvem na tela. A dramaticidade que impõe às suas figuras é de uma intensidade atormentadora. Seus personagens aparecem impassíveis, enclausurados em espaços controlados e sempre sozinhos. Para ele, a condição humana era a solidão. A mostra que vem para a Bienal, curada por Dawn Ades, professora da Universidade de Essex (Inglaterra), composta por dois trípticos e 12 telas, mostra tudo isso. Segundo ela, Bacon não pretendia animalizar o homem, mas mostrá-lo em sua extrema experiência. Por isso, seus personagens ardem impassíveis, enclausurados em espaços assépticos, como protagonistas de um monólogo inútil, queimando na fogueira da desrazão humana. (CF) Visite o site oficial da XXIV Bienal de São Paulo Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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