São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FRANCIS BACON
Pintor devorou tudo e todos


Irlandês se apropriou do cinema, fotografia e poesia para criar seus seres enclausurados


Divulgação
Auto-retrato do irlandês Francis Bacon realizado em 1971


da Reportagem Local

Francis Bacon (1909-1992) não conheceu Oswald de Andrade ou Tarsila do Amaral, mas o fogo antropofágico ardeu intensamente em sua produção artística. Poucos artistas encarnaram o conceito que rege a 24ª edição da Bienal com tanta abrangência e pertinência como esse irlandês.
Em sua longa e atribulada vida artística, Bacon incorporou não apenas imagens e valores de artistas alheios, como Velázquez, Van Gogh e Piero della Francesca (leia texto nesta página), mas também devorou linguagens inteiras, como fotografia, cinema e poesia.
Também a resolução plástica que conferiu a seus trabalhos é plena de características antropofágicas. Suas pinceladas são fluxos de cor e emoção e constroem corpos que perdem seus limites, se deformam e se dissolvem na tela.
A dramaticidade que impõe às suas figuras é de uma intensidade atormentadora. Seus personagens aparecem impassíveis, enclausurados em espaços controlados e sempre sozinhos. Para ele, a condição humana era a solidão.
A mostra que vem para a Bienal, curada por Dawn Ades, professora da Universidade de Essex (Inglaterra), composta por dois trípticos e 12 telas, mostra tudo isso.
Segundo ela, Bacon não pretendia animalizar o homem, mas mostrá-lo em sua extrema experiência. Por isso, seus personagens ardem impassíveis, enclausurados em espaços assépticos, como protagonistas de um monólogo inútil, queimando na fogueira da desrazão humana. (CF)
Visite o site oficial da XXIV Bienal de São Paulo


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.