|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÍDIA
Cinema e rádio põem Copa de pé
Apesar das dificuldades técnicas, primeiros torneios tomam conta das transmissões radiofônicas e das grandes telas, levando aos ‘espetáculos’ de futebol o
mundo da propaganda
Em 1929, um ano antes da pri
meira Copa, Herbert Eugene Ives
demonstrava pela primeira vez,
nos EUA, como funcionaria a transmissão de imagens coloridas
pela TV. Mas foram mesmo o rá
dio e o cinema que divulgaram os
primeiros Mundiais.
As transmissões radiofônicas
eram a tônica no começo dos
anos 30. Carlos Gardel, sinônimo
de tango, foi a estrela da mídia na
final da Copa no Uruguai, apare
cendo nas concentrações e can
tando para as seleções argentina e
uruguaia -morou nesse países.
A estréia brasileira foi acompa
nhada por uma multidão, que fi
cou concentrada em frente ao jor
nal ‘‘A Gazeta’’ em São Paulo es
perando pelas ondas e notícias.
Quatro anos mais tarde, a mídia
seria explorada com tom político.
Mussolini aproveitou o Mundial
realizado em sua Itália para pro
pagandear o fascismo. Fez ques
tão de presenciar todos os jogos
da seleção local.
Na Copa francesa, em 38, o rá
dio era bastante popular, mas as
transmissões radiofônicas inter
continentais eram complicadas.
O som ficava comprometido. Isso
não impediu grande mobilização
no Brasil, por exemplo, com as
narrações de Gagliano Neto.
Os jogos eram exibidos dias de
pois nos cinemas, que deixaram
por um tempo as produções de
Hollywood em segundo plano
-os filmes das partidas demora
vam, pois chegavam ó América
apenas de avião.
A imprensa escrita teve cober
tura destacada em 38, até pela Co
pa ser na França. O jornal ‘‘L’Au
to’’, por exemplo, cobria com
atenção os treinos do Brasil: ‘‘Os
brasileiros são perfeitos artistas
com a bola nos pés. Dribles não
são segredo para eles. Um time
formidável’’, destacou o jornal.
A imprensa francesa apostava
que a final seria Brasil e França.
Quando a seleção brasileira che
gou ó final, já era 1950. Lá se foram
12 anos. O rádio ainda era a gran
de saída para os torcedores -a
TV Tupi de Assis Chateaubraind,
primeira emissora do país, es
treou exatamente naquele ano.
O Maracanã ganharia o nome
do exdiretor do ‘‘Jornal dos
Sports’’ Mário Filho. A imprensa
nacional nunca esteve tão ao lado
da seleção -aliás, políticos tam
bém ficaram com os jogadores
antes da trágica final de 50.
Ouvindo o rádio como milhares
de brasileiros, João Soares da Sil
va, um militar, morreu de ataque
do coração após o gol de Ghiggia.
O trauma nem bem tinha sido
superado, e a seleção voltou forte
ó mídia na preparação para a Co
pa de 54. O uniforme amarelo da
seleção saiu de um concurso com
mais de 300 participantes vencido
pelo gaúcho Garcia Schlee -ele
escolheu a cor inspirado no Brasil
de Pelotas e, pela vitória, ganhou
uma cadeira cativa no Maracanã.
Entre os jogadores, ganha des
taque a CocaCola. Além de água,
os jogadores ganharam aval para
tomar o famoso refrigerante pela
sua ‘‘qualidade’’ e ‘‘higiene’’.
A imprensa, meio sensaciona
lista, destacou a ‘‘Batalha de Ber
na’’, o jogo em que o Brasil perdeu
da Hungria, mas não houve ima
gem que justificasse tal título.
Em 58, o Brasil foi meio a im
prensa. Paulo Machado de Carva
lho era um rei da mídia e formou
a delegação nacional com apoio
dos jornalistas Ary Silva, Flávio
Iazzeti e Paulo Planet Buarque.
Jogadores recebiam pelo cor
reio telegramas de felicitações
-após a vitória sobre a Áustria,
Ulysses Guimarães enviou um.
Garrincha, que adorava rádio,
comprou um na Europa, mas, se
gundo Mário Américo, teria ven
dido a peça, pois ela só transmitia
em sueco. Antes do Mundial, pes
quisa entre jornalistas na Suécia
apontou o Brasil como favorito.
A imprensa já acertava mais.
Texto Anterior: 1954: O astro que foi salvo pela bola Próximo Texto: 1958: Edison, o que virou Rei aos 17 Índice
|