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TENTÁCULOS
Petrobras investe na América do Sul e na África
Empresa quer dobrar presença no exterior
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Petrobras pretende dobrar até 2007 o peso
das atividades internacionais na receita obtida por todos os seus negócios. Presente em
seis países, a estatal deve investir no período US$ 5,1
bilhões para expandir suas operações fora do Brasil,
com prioridade para a Argentina e a Nigéria. A empresa prepara também sua volta ao Oriente Médio.
A internacionalização foi planejada inicialmente para compensar
a perda de mercado interno que a
empresa esperava ter com a quebra do monopólio do petróleo.
Apesar de essa previsão não ter se
confirmado, a estratégia foi mantida e acabou se transformando
em uma importante arma para a
expansão da Petrobras, tanto
dentro quanto fora do Brasil.
A direção da companhia acredita que a aquisição de ativos em
outros países e o aumento do fluxo de caixa em moeda forte irá reduzir o custo de captação de dinheiro pela empresa, aproximando-o do de seus concorrentes externos.
"A internacionalização dá mais
estabilidade à companhia, na medida em que ela depende menos
de um só mercado. Com isso, diminui seu risco e as taxas que ela
tem de pagar para se financiar",
afirma Cláudio Castejon, gerente-executivo de Planejamento e Serviços Internacionais da Petrobras.
Segundo Castejon, os investimentos de 2003 a 2007 devem se
concentrar em três áreas estratégicas: América do Sul, costa oeste
da África e golfo do México.
A Argentina é o país de maior
peso na atuação da Petrobras depois do Brasil. Em 2002, a companhia investiu US$ 1 bilhão na
compra da Perez Companc, rebatizada de Petrobras Energía. Com
a aquisição, passou a ter presença
em mercados como Equador e
Peru, onde a argentina já atuava.
A Petrobras Energía vai abocanhar US$ 2,3 bilhões dos US$ 5,1
bilhões que serão investidos no
exterior. Pouco mais de US$ 1 bilhão ficará na Argentina e o restante será destinado aos demais
países onde a empresa atua.
A Petrobras produz na Argentina 123,8 mil barris equivalentes de
petróleo e gás por dia, quase metade do total de 250,4 mil barris
equivalentes/dia que produz fora
do Brasil. Barril equivalente é
uma medida que permite equiparar a produção de petróleo e gás.
Os 250,4 mil barris representam
14% da produção global da Petrobras, de 2,1 milhões de barris
equivalentes/dia. Até 2007, a empresa espera elevar sua produção
no exterior para 500 mil barris
equivalentes/dia. No mesmo período, o peso das operações internacionais no fluxo de receitas da
companhia deverá passar dos
atuais 9% para 18% do total.
A Nigéria ficará com o segundo
maior volume de investimentos,
de US$ 1,4 bilhão. A empresa já
descobriu petróleo em 2 dos 4
blocos que explora no país e deve
começar a produção em 2007.
Na América do Sul, tem forte
atuação na Bolívia, onde é a maior
empresa local. Como a presença
no país já está consolidada, o volume de investimentos é menor:
US$ 175 milhões. Na região, a Venezuela é que receberá mais recursos depois da Argentina, por
meio de investimentos de US$
800 milhões da Petrobras Energía.
O país tem a segunda maior produção da estatal fora do Brasil,
com 44 mil barris equivalentes/
dia de óleo e gás.
O quarto lugar é ocupado pelos
Estados Unidos, com US$ 450 milhões, que serão destinados à exploração no golfo do México. A
Colômbia é outro país latino que
receberá investimentos da Petrobras, com US$ 165 milhões.
A Petrobras ainda tem interesse
de entrar nos mercados mexicano
e chileno. No primeiro caso, está
participando de uma licitação para exploração de campos de gás
na fronteira mexicana com os
EUA. No Chile, foram realizados
contatos com algumas empresas,
mas não há nada definido.
A Petrobras também tem planos de voltar a atuar no Oriente
Médio, de onde saiu nos anos 80.
O primeiro passo é a participação
na licitação de um bloco no Irã. O
resultado deve sair no fim do ano.
"Qualquer grande companhia
tem de olhar para o Oriente Médio, que concentra 70% das reservas mundiais", diz Castejon.
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