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Álcool deve recuperar força como combustível
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O álcool sempre foi um bom
quebra-galho nas crises de combustíveis. Foi assim na Primeira
Guerra Mundial e no início da década de 30, após a quebra da economia americana. Na década de
70, em mais uma crise, o produto
entra em definitivo como combustível no país.
A crise do petróleo de 1973 trouxe sérios problemas para a balança comercial, o que obrigou o governo a pensar em uma saída alternativa para o abastecimento.
O Brasil lançou, em 1975, o
Proálcool. Na época, o país importava 80% do petróleo que consumia, e os gastos com importações saltaram de US$ 600 milhões
por ano para US$ 2 bilhões.
O "combustível verde" apareceu inicialmente na mistura de
20% de álcool à gasolina nos postos de São Paulo. Quatro anos depois da instituição do Proálcool,
as montadoras colocaram os primeiros modelos exclusivamente
movidos a álcool.
A utilização avançou rapidamente e, em 84, de cada 100 veículos produzidos pelas indústrias,
94 eram com motor para combustível a álcool.
Na segunda metade da década
de 80, o Proálcool começa a declinar. Dois motivos foram fundamentais: competitividade menor
do combustível perante a gasolina, devido ao fim da crise do petróleo, e problema de abastecimento em algumas regiões. Assim, de 96 a 2000, de cada 100 carros produzidos pelas indústrias,
menos de 1 (0,44%) era a álcool.
Os brasileiros deixaram de
comprar carro a álcool, mas não
deixaram de acreditar no combustível, conforme pesquisas de
opinião. Por isso, governo, usinas
e indústrias voltam a buscar alternativas para o aumento do consumo do produto.
O governo liberou a mistura de
álcool à gasolina em 25%. As indústrias começaram a produzir
veículos de motor flexível, com a
possibilidade de uso de ambos os
combustíveis, e as usinas, por
meio da Unica (entidade dos produtores), estabeleceram regras
próprias para o setor garantir o
abastecimento.
Dois fatores devem incrementar
o uso nos próximos anos: a internacionalização do produto e a fabricação dos carros com opção de
mais de um combustível.
A tecnologia brasileira de exploração do álcool como combustível começa a ganhar espaço em
vários países: China, México,
Austrália, Tailândia, União Européia, Índia, Japão, Suécia e EUA
-neste último o produto vem do
milho, e não da cana-de-açúcar. A
opção desses países passa por custos menores do combustível e por
agressão menor ao ambiente.
Já os veículos com opção dupla
de combustível vão provocar uma
maior competição entre a gasolina e o álcool. Ganhará quem for
mais competitivo nas bombas.
O Brasil é o maior produtor
mundial do produto, com 12 bilhões de litros por ano, seguido
dos EUA, que terá capacidade de
10 bilhões de litros quando os projetos que estão sendo desenvolvidos estiverem instalados.
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