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Aquém da barreira, PSOL racha entre Lula e voto nulo
FERNANDA KRAKOVICS
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ
Além de não conseguir se
consolidar como uma alternativa de esquerda nem superar a
cláusula de barreira, o PSOL
agora está rachado entre o
apoio ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o voto nulo no
segundo turno das eleições.
Presidente do partido e candidata derrotada à Presidência
da República, a senadora Heloísa Helena (AL) disse na madrugada de ontem que o PSOL não
apoiaria nenhum dos dois candidatos. Mas integrantes do
partido afirmaram que essa é
uma posição pessoal dela e querem reunir a Executiva para deliberar. "Seria inaceitável e incompreensível apoiar qualquer
uma das duas candidaturas. A
decisão do PSOL é essa. Seria
uma desmoralização para o
partido, é uma questão de coerência", afirmou Heloísa, ressaltando que liberaria o voto de
seus eleitores.
O discurso do PSOL durante
a primeira fase da campanha
foi que o presidente Lula teria
traído as bandeiras da esquerda
ao adotar o projeto "neoliberal"
da gestão Fernando Henrique
Cardoso. O partido ainda acusou o PT de ter virado uma
"gangue partidária" devido aos
escândalos de corrupção da
atual gestão.
Membros do partido como
Plínio de Arruda Sampaio, Milton Temer e os deputados reeleitos Ivan Valente (SP) e Chico
Alencar (RJ), no entanto, querem discutir com o partido a
possibilidade de apoiar o presidente Lula desde que ele assumisse alguns compromissos.
Na mesa de negociação estaria o abandono, em um eventual segundo mandato, de projetos como as reformas trabalhista e sindical, a autonomia
do Banco Central e a garantia
de que não haverá privatizações da Petrobras, do Banco do
Brasil e da Caixa Econômica
Federal.
"Não estou na política para
ser coerente ou incoerente. A
coerência tem que ser o interesse do povo. O segundo turno
é a escolha entre o ruim e o péssimo", disse Arruda Sampaio,
candidato derrotado do PSOL
ao governo de São Paulo.
Embora seja composto em
grande parte por dissidentes
petistas, integrantes do PSOL
afirmam que a situação do partido é diferente da de Heloísa,
que foi expulsa do PT e por isso
não teria condições pessoais de
apoiar o presidente Lula. "Não
podemos fazer política com o
fígado", disse Temer, que disputou o governo do Rio de Janeiro pelo PSOL.
Já a deputada reeleita Luciana Genro (PSOL-RS) apóia a
posição da senadora.
"Passamos a campanha inteira dizendo que os dois promoveram a mesma política econômica e atacando a corrupção.
Seria absolutamente incoerente apoiar qualquer um dos
dois", disse.
Expulsa do PT junto com Heloísa, a deputada afirmou que o
partido vai ter uma posição majoritária mas que não vai fechar
questão. "No PSOL não tem
centralismo burocrático", disse
Luciana, ironizando o PT.
Heloísa ficou em terceiro lugar na disputa presidencial,
com cerca de 7% dos votos.
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