São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Aquém da barreira, PSOL racha entre Lula e voto nulo

FERNANDA KRAKOVICS
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

Além de não conseguir se consolidar como uma alternativa de esquerda nem superar a cláusula de barreira, o PSOL agora está rachado entre o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o voto nulo no segundo turno das eleições.
Presidente do partido e candidata derrotada à Presidência da República, a senadora Heloísa Helena (AL) disse na madrugada de ontem que o PSOL não apoiaria nenhum dos dois candidatos. Mas integrantes do partido afirmaram que essa é uma posição pessoal dela e querem reunir a Executiva para deliberar. "Seria inaceitável e incompreensível apoiar qualquer uma das duas candidaturas. A decisão do PSOL é essa. Seria uma desmoralização para o partido, é uma questão de coerência", afirmou Heloísa, ressaltando que liberaria o voto de seus eleitores.
O discurso do PSOL durante a primeira fase da campanha foi que o presidente Lula teria traído as bandeiras da esquerda ao adotar o projeto "neoliberal" da gestão Fernando Henrique Cardoso. O partido ainda acusou o PT de ter virado uma "gangue partidária" devido aos escândalos de corrupção da atual gestão.
Membros do partido como Plínio de Arruda Sampaio, Milton Temer e os deputados reeleitos Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ), no entanto, querem discutir com o partido a possibilidade de apoiar o presidente Lula desde que ele assumisse alguns compromissos.
Na mesa de negociação estaria o abandono, em um eventual segundo mandato, de projetos como as reformas trabalhista e sindical, a autonomia do Banco Central e a garantia de que não haverá privatizações da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
"Não estou na política para ser coerente ou incoerente. A coerência tem que ser o interesse do povo. O segundo turno é a escolha entre o ruim e o péssimo", disse Arruda Sampaio, candidato derrotado do PSOL ao governo de São Paulo.
Embora seja composto em grande parte por dissidentes petistas, integrantes do PSOL afirmam que a situação do partido é diferente da de Heloísa, que foi expulsa do PT e por isso não teria condições pessoais de apoiar o presidente Lula. "Não podemos fazer política com o fígado", disse Temer, que disputou o governo do Rio de Janeiro pelo PSOL.
Já a deputada reeleita Luciana Genro (PSOL-RS) apóia a posição da senadora.
"Passamos a campanha inteira dizendo que os dois promoveram a mesma política econômica e atacando a corrupção. Seria absolutamente incoerente apoiar qualquer um dos dois", disse.
Expulsa do PT junto com Heloísa, a deputada afirmou que o partido vai ter uma posição majoritária mas que não vai fechar questão. "No PSOL não tem centralismo burocrático", disse Luciana, ironizando o PT.
Heloísa ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, com cerca de 7% dos votos.


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