da Reportagem Local

Uma coalizão de 800 ONGs (organizações não-governamentais) trabalha atualmente para que a ONU instaure um Tribunal Penal Internacional -visto como o próximo passo das Nações Unidas na área de direitos humanos (leia texto à pág. 8). O vulto desse movimento ilustra como ONGs e ONU vivem em uma espécie de simbiose, na qual ambas se beneficiam.
Hoje é praticamente impossível falar de direitos humanos sem citar ONGs como a Anistia Internacional (um milhão de membros em 162 países) e a Human Rights Watch (que tem oito divisões temáticas -de África a crianças-, com mais de cem especialistas).
Para a ONU, as ONGs fornecem dinheiro, trabalho de graça, muitas sugestões e especialistas em áreas como contagem de corpos em tumbas coletivas de Ruanda e legislação internacional. "As ONGs são essenciais para fornecer os detalhes e estudos de caso que não seriam disponíveis nos relatórios governamentais. No caso de direitos econômicos, nós precisamos saber o que está acontecendo na prática, porque a legislação não retrata a realidade", afirma o dirigente da Comissão de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU, Philip Alston, em artigo.
As ONGs também tiram o seu proveito, seja porque sua missão é exatamente a de influir nas decisões da ONU, seja pela projeção internacional que ganham com essas atividades -o que traz novos recursos.
Em 1997, por exemplo, o empresário da TV norte-americana Ted Turner fez uma doação de US$ 1 bilhão à ONU. Como ele, o megainvestidor húngaro George Soros tem uma fundação (o Instituto Sociedade Aberta) que atua em diversas áreas, inclusive a de direitos humanos. Orçamento anual: US$ 350 milhões (o mesmo de uma universidade como a Unicamp).
"Temos pressionado o governo dos EUA para que ele mude de posição e passe a favorecer a criação do tribunal internacional", diz Mirelle Hector, coordenadora do Comitê de Advogados pelos Direitos Humanos -a ONG que lidera a coalizão de ONGs.



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