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No ranking das capitais, SP ocupa 10º lugar
Os estudantes de Vitória tiveram a maior nota média no Enem entre as 27 capitais; Cuiabá ficou em último no ranking
Se for considerada só a rede pública das capitais, a que obteve melhor desempenho foi Porto Alegre, seguida por Florianópolis e Curitiba
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os alunos da cidade de São
Paulo tiveram a décima maior
nota média entre as 27 capitais
do país no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) do ano
passado, atrás das capitais do
Sul, de Goiânia e do Rio de Janeiro, por exemplo.
Em primeiro lugar, ficou Vitória -60,225 pontos em uma
escala de zero a cem contra
54,119 dos estudantes de São
Paulo. Em último, Cuiabá
(46,936).
A média considera as notas
da prova objetiva (perguntas e
respostas) e da redação dos alunos de escolas privadas e federais, estaduais e municipais das
capitais. Foi aplicado ainda um
"fator de correção" -fórmula
matemática para evitar que escolas com menor número de
alunos que fizeram Enem tenham a pontuação distorcida.
Os dados do Enem por município e por escola foram divulgados ontem pelo Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC).
A tabulação foi feita pela Folha
-o instituto não o faz sob a alegação de ser contrário a rankings.
Se for considerada somente a
rede pública das capitais, a que
obteve melhor desempenho foi
Porto Alegre, com 55,789 pontos, seguida por Florianópolis e
Curitiba. Nessa lista, São Paulo
mantém a décima posição, com
48,018.
Levando-se em conta apenas
a rede privada, que é maior em
São Paulo do que em outras cidades, a capital paulista vai para o 12º lugar, com 63,997 pontos, e a liderança da lista passa
para a capital catarinense, com
69,674 pontos, seguida por Belo Horizonte e Aracaju.
Membro do Conselho Nacional de Educação e ex-integrante do Ministério da Educação e
do governo do Distrito Federal
em gestões petistas, Antonio
Ibañez Ruiz diz que a posição
da capital paulista não condiz
com o orçamento nem com a
qualidade dos professores do
Estado e da cidade. "É um problema muito sério, de descontrole pedagógico e administrativo", afirma.
O Enem é aplicado desde
1998, e a divulgação das notas
de cada escola, só há três anos.
O exame é voluntário, mas a
participação nele é incentivada
por diversos vestibulares que
levam em conta sua nota e pelo
Prouni (programa que dá bolsas em universidades particulares para estudantes carentes), já que é pré-requisito para
o estudante se inscrever.
A avaliação é composta por
uma proposta de redação e 63
perguntas que buscam avaliar
as "competências e habilidades" dos estudantes, sem as
chamadas questões "conteúdistas", como as ensinadas nos
cursinhos pré-vestibulares.
Na lista das vinte melhores
colocadas, o Estado com maior
número de escolas é o Rio de
Janeiro: são oito, inclusive as
duas mais bem colocadas -Colégio de São Bento e Santo
Agostinho, ambas da rede privada. A primeira paulista da lista é o Vértice, da capital.
Para o presidente do Inep,
Reynaldo Fernandes, porém, o
Enem não diz qual é a melhor
escola, apenas avalia o desempenho do estudante -"que depende da escola, mas também
das condições de ingresso", como o contexto socioeconômico
e familiar. Na sua opinião, só
podem ser comparadas escolas
com públicos semelhantes, levando-se em conta também os
valores de cada uma.
Ele afirma não ter se surpreendido com a ausência, na
lista das 20 melhores, de escolas estaduais, pois o fato já havia sido notado em avaliações
anteriores. As escolas estaduais regulares não aparecem
na lista nem mesmo se for levado em consideração apenas a
rede pública, sem as escolas federais, que têm desempenho
superior ao das particulares.
Para elevar o padrão de qualidade das escolas estaduais e
municipais ao nível das federais, o ex-ministro Cristóvam
Buarque defende que os professores sejam escolhidos em
concursos nacionais.
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