São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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1º do país tem período integral e é só para meninos

Colégio de São Bento diz valorizar cultura clássica e formação humanística

Coordenadora afirma que bom corpo pedagógico e alunos com perfil socioeconômico elevado explicam o resultado

DA SUCURSAL DO RIO

O bom resultado do Colégio de São Bento no Enem não é surpresa para os cariocas. Além de já ter aparecido bem em outros Enems, o colégio sempre foi bem avaliado -quase sempre na primeira colocação- quando, na década de 90, a UFRJ e a Uerj divulgavam rankings de aprovação em seus vestibulares.
Segundo a supervisora Maria Elisa Penna Firme, além de fatores como bom corpo pedagógico e alunos com perfil socioeconomico elevado, um dos fatores que explica o bom resultado da instituição é a valorização de uma cultura clássica e da formação humanista. "Temos aulas de história da arte, de apreciação musical, de filosofia e de sociologia que ajudam os alunos a ter acesso a um conhecimento mais amplo."
Além de ter a fama de um colégio rigoroso e tradicional, uma característica marcante do São Bento é o fato de até hoje ele não admitir meninas, apesar da pressão de alguns pais para que possam matricular suas filhas na instituição. "Esse é um assunto que está em pauta, mas ainda não há definição", afirma a coordenadora.
Outro fator que explica o sucesso da instituição é o ensino em tempo integral. No ensino médio, os alunos entram às 7h30 e saem às 16h30. No horário da tarde, participam de atividades extracurriculares e outras diretamente relacionadas ao currículo, mas trabalhadas de forma diferenciada no horário da tarde, como oficinas de redação, de física e da prática em laboratórios. Além disso, há aulas de apoio, onde o estudante pode tirar dúvidas diretamente com os professores.
"Acreditamos que o melhor lugar para estudar é na escola. Isso não substitui o estudo em casa, mas a presença de um professor ajuda muito."
Apesar de o colégio dizer que sua prioridade não é com a formação para o vestibular, a coordenadora diz que, no último ano, não há como não adaptar as atividades na escola à preparação para os exames.
Logo abaixo do São Bento no ranking do Enem entre os colégios cariocas aparecem dois outros estabelecimentos religiosos que sempre ficam nas primeiras posições dos rankings em provas: o Santo Agostinho, com unidades no Leblon (zona sul) e na Barra (zona oeste), e o Santo Inácio, de Botafogo (zona sul).
A novidade da lista dos melhores cariocas neste ano é o Mopi (Moderna Organização Pedagógica Integrada), da Tijuca (zona norte do Rio) que cobra uma mensalidade também elevada para os padrões do Rio (varia de R$800 a R$ 1.300), mas que tem uma proposta pedagógica bastante diferente da do São Bento, por exemplo. Foi a 1ª turma de ensino médio da instituição, com 12 de 14 alunos fazendo o Enem.
Para a diretora do Mopi, Regina Canedo, a característica do Enem -considerada por muitos educadores uma prova que exige mais raciocínio e menos decoreba do aluno- beneficiou sua escola por estar mais próxima da filosofia do Mopi do que provas de vestibulares mais tradicionais.
A exemplo do São Banto, o Mopi também oferece aos alunos um horário integral -ainda que algumas das atividades do contraturno sejam opcionais. Em termos de disciplina e tradicionalismo, o Mopi tem uma prática mais liberal. Seus alunos, por exemplo, participam dos conselhos de classe. "Dessa maneira, eles aprendem a colocar de forma democrática o que sentem. Eles podem, democraticamente, fazer uma crítica a uma aula da qual não estão gostando, mas têm que aprender a fazer isso de forma respeitosa", diz Regina. Para ela, a diferença no perfil dos colégios melhor avaliados no Enem mostra que não há uma receita única para o bom desempenho.


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