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'Marta tem que mirar eleitores de Serra, mais que do Maluf'
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy
(PT), se quiser ganhar o segundo turno da disputa municipal paulistana, vai ter
que "mirar" o eleitor de José
Serra (PSDB) -mais até do
que disputar o voto dos malufistas-, diz o cientista político Carlos Ranulfo, professor da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais).
"A tarefa da Marta é mais
difícil. É tão difícil disputar o
voto do Maluf, que ela vai ter
que disputar o voto do Serra", ele diz.
A cientista política Argelina Figueiredo, pesquisadora
do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), faz uma avaliação do resultado do primeiro turno
que também aponta dificuldades para a petista no segundo, e pode servir para explicar do que fala Ranulfo.
"A polarização que sempre
existiu entre o PT e o Maluf
pode estar beneficiando o
Serra, porque ele é bem mais
próximo do que a Marta",
ela diz. Para Argelina, dificilmente um eleitor malufista
faria todo o percurso no
campo ideológico até o PT.
Ranulfo afirma que o problema de Marta é menos
uma questão numérica -a
vantagem de quase oito pontos de Serra no resultado do
primeiro turno-, do que a
"dificuldade de transitar no
eleitorado malufista".
"Essa vantagem não é
muito grande, pensando em
passagens do primeiro para
o segundo turno. A experiência brasileira mostra isso", diz o cientista político.
"Baixar a crista"
A pesquisadora do Cebrap
aponta ainda erros na estratégia da petista, que, ela diz,
podem ter contribuído para
que Marta chegasse atrás de
Serra anteontem.
"Não acho que está perdido", diz Argelina sobre o segundo turno. "Mas Marta
escolheu o caminho mais difícil. Não fez aliança com o
PMDB. Estava muito confiante. Desafiou a direção
nacional em tudo, mantendo um vice do PT", disse.
"Essa diferença pode servir
para abaixar a crista dela, para ela ver que não vai poder
ganhar sozinha."
(RAFAEL CARIELLO)
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