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SALVADOR
Para derrotar ACM, PT baiano apóia PDT e PSDB
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Para tentar derrotar o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL),
77, o PT da Bahia deve apoiar partidos que fazem oposição ferrenha ao governo Luiz Inácio Lula
da Silva -o PDT e o PSDB.
Um dia depois de perder a eleição à Prefeitura de Salvador pela
terceira vez consecutiva, o deputado federal Nelson Pellegrino
(PT), 43, começou a traçar ontem
à tarde a estratégia que será adotada pelo partido para a disputa do
segundo turno em Salvador, envolvendo o deputado estadual
João Henrique Carneiro (PDT),
45, e o senador César Borges
(PFL), 55, apadrinhado por ACM.
No primeiro turno, Carneiro
obteve 43,71% dos votos válidos,
contra 21,95% de Borges. Com
uma diferença só de 3.157 votos
em relação a Borges, Pellegrino ficou em terceiro lugar na corrida à
sucessão municipal, com 21,67%.
"Não vamos ficar em cima do
muro. Para nós, o mais importante é derrotar o senador Antonio
Carlos Magalhães, mesmo que
para isso a gente tenha que se aliar
a dois adversários históricos", disse ontem um dirigente da executiva regional do PT, que preferiu
não ser identificado.
Cauteloso, Pellegrino "pediu
tempo" para uma definição, mas
já deu a deixa. "Uma coisa é certa:
jamais vou votar ou pedir votos
para o senador César Borges."
João Henrique Carneiro, que se
coligou ao PSDB para ganhar
mais tempo na propaganda, disse
que vai buscar a união das oposições. "Existe uma aproximação
ideológica muito forte entre os
candidatos da oposição. É claro
que existem arestas nacionais entre PT, PSDB e PDT, mas, na Bahia, temos de marchar juntos para
derrotar ACM." Para ele, o fato de
o PDT e o PSDB fazerem oposição
a Lula não atrapalha uma eventual aliança na Bahia. "Existem
realidades regionais distintas. Então, a esfera nacional não atrapalha a aliança", disse, após divulgação oficial dos resultados pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia.
Sem nenhum problema ideológico com o PSDB e o PDT, a deputada estadual Lídice da Mata
(PSB), que também disputou a
prefeitura, anunciou ontem que
apoiará João Henrique Carneiro.
Depois de passar "um sufoco",
como definiu a apertada vantagem sobre Pellegrino, o senador
César Borges disse ontem que
confia em uma mudança no cenário eleitoral de Salvador.
Para ele, uma eventual vitória de
João Henrique Carneiro pode ser
prejudicial à cidade. "É evidente
que isso [oposição do PDT e
PSDB ao governo federal] dificulta a atração de recursos para a cidade. Nós sabemos que os recursos próprios do município são escassos e que é fundamental Salvador ter um prefeito que possa se
articular com os governos federal
e estadual para buscar a verba necessária à execução dos projetos."
PFL
A cúpula do PFL, por sua vez,
vai tentar usar o resultado das
eleições para reaglutinar nacionalmente o partido, rachado entre o presidente da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), e
ACM.
Na correlação interna de forças,
Bornhausen saiu fortalecido, garantindo a vitória em Blumenau
(SC), que era do PT havia oito
anos, e levando a chapa integrada
pelo PFL ao segundo turno na capital Florianópolis, por exemplo.
A briga entre Bornhausen e
ACM esquentou às vésperas da
eleição, quando o baiano organizou jantar com Lula e levou cinco
senadores do PFL ao encontro.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Sucursal de Brasília
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