São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SALVADOR

Para derrotar ACM, PT baiano apóia PDT e PSDB

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Para tentar derrotar o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 77, o PT da Bahia deve apoiar partidos que fazem oposição ferrenha ao governo Luiz Inácio Lula da Silva -o PDT e o PSDB.
Um dia depois de perder a eleição à Prefeitura de Salvador pela terceira vez consecutiva, o deputado federal Nelson Pellegrino (PT), 43, começou a traçar ontem à tarde a estratégia que será adotada pelo partido para a disputa do segundo turno em Salvador, envolvendo o deputado estadual João Henrique Carneiro (PDT), 45, e o senador César Borges (PFL), 55, apadrinhado por ACM.
No primeiro turno, Carneiro obteve 43,71% dos votos válidos, contra 21,95% de Borges. Com uma diferença só de 3.157 votos em relação a Borges, Pellegrino ficou em terceiro lugar na corrida à sucessão municipal, com 21,67%.
"Não vamos ficar em cima do muro. Para nós, o mais importante é derrotar o senador Antonio Carlos Magalhães, mesmo que para isso a gente tenha que se aliar a dois adversários históricos", disse ontem um dirigente da executiva regional do PT, que preferiu não ser identificado.
Cauteloso, Pellegrino "pediu tempo" para uma definição, mas já deu a deixa. "Uma coisa é certa: jamais vou votar ou pedir votos para o senador César Borges."
João Henrique Carneiro, que se coligou ao PSDB para ganhar mais tempo na propaganda, disse que vai buscar a união das oposições. "Existe uma aproximação ideológica muito forte entre os candidatos da oposição. É claro que existem arestas nacionais entre PT, PSDB e PDT, mas, na Bahia, temos de marchar juntos para derrotar ACM." Para ele, o fato de o PDT e o PSDB fazerem oposição a Lula não atrapalha uma eventual aliança na Bahia. "Existem realidades regionais distintas. Então, a esfera nacional não atrapalha a aliança", disse, após divulgação oficial dos resultados pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia.
Sem nenhum problema ideológico com o PSDB e o PDT, a deputada estadual Lídice da Mata (PSB), que também disputou a prefeitura, anunciou ontem que apoiará João Henrique Carneiro.
Depois de passar "um sufoco", como definiu a apertada vantagem sobre Pellegrino, o senador César Borges disse ontem que confia em uma mudança no cenário eleitoral de Salvador.
Para ele, uma eventual vitória de João Henrique Carneiro pode ser prejudicial à cidade. "É evidente que isso [oposição do PDT e PSDB ao governo federal] dificulta a atração de recursos para a cidade. Nós sabemos que os recursos próprios do município são escassos e que é fundamental Salvador ter um prefeito que possa se articular com os governos federal e estadual para buscar a verba necessária à execução dos projetos."

PFL
A cúpula do PFL, por sua vez, vai tentar usar o resultado das eleições para reaglutinar nacionalmente o partido, rachado entre o presidente da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), e ACM.
Na correlação interna de forças, Bornhausen saiu fortalecido, garantindo a vitória em Blumenau (SC), que era do PT havia oito anos, e levando a chapa integrada pelo PFL ao segundo turno na capital Florianópolis, por exemplo.
A briga entre Bornhausen e ACM esquentou às vésperas da eleição, quando o baiano organizou jantar com Lula e levou cinco senadores do PFL ao encontro.


Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Belo Horizonte: Pimentel quer usar vitória para descentralizar PT
Próximo Texto: Fora do cardápio: Jantar com Lula foi indigesto para oposição
Índice


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.