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BELO HORIZONTE
Petista fala que partido deve enxergar que país é maior que SP
Oposição que prefeito eleito faz é semelhante à de Aécio no PSDB
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Pimentel quer usar vitória para descentralizar PT
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O economista Fernando Pimentel (PT), 53, reeleito prefeito de
Belo Horizonte na maior votação
em primeiro turno da capital mineira, com 68,49% dos votos, considera que o resultado o qualifica
para combater a centralização política do PT em São Paulo. É uma
oposição semelhante à do governador tucano Aécio Neves (MG)
em relação ao PSDB.
"É preciso que o Brasil comece a
se enxergar maior do que São
Paulo, a se enxergar na sua totalidade",disse ele ontem à Agência
Folha. Ele afirmou ainda que pretende "ocupar o espaço político
necessário e trazer, com isso, benefícios para a cidade. A seguir, os
principais trechos da entrevista.
Agência Folha - O sr. disse que o
resultado inédito em Belo Horizonte o credencia como ator no contexto político nacional e que vai fazer
valer isso. Como?
Fernando Pimentel- Em relação
ao governo federal, sei que um resultado desse melhora a condição
de acesso aos ministérios e ao
próprio presidente em benefício
da cidade. Quero trabalhar nessa
direção, não para tirar proveito
pessoal. Ocupar o espaço político
necessário e trazer, com isso, benefícios para a cidade, na forma
de verba, de uma atenção mais
qualificada do governo federal. A
política é assim, tem eleição também para isso, é uma espécie de
termômetro para medir o seu cacife.
Agência Folha - Tal como o governador Aécio Neves, que crítica o
PSDB, o partido dele, o sr. critica o
PT por causa da centralização excessiva do poder em São Paulo. Isso
mostra que existe uma questão política que os une também.
Pimentel- O que estamos observando, e o próprio presidente Lula sabe disso, é que o equilíbrio federativo é muito importante. O
Brasil é um país muito grande,
muito diversificado, com culturas
regionais muito fortes. Um país
assim não pode estar centralizado
em um único lugar. Não é porque
é São Paulo, se fosse aqui em Minas ou no Rio Grande do Sul, também estaria errado.
É preciso ter um equilíbrio
maior das forças políticas, econômicas, culturais. Sei que isso não
se consegue apenas pela vontade
das pessoas. Não basta o presidente Lula querer para mudar isso, porque a realidade é que o PIB
(Produto Interno Bruto) está concentrado em São Paulo.
Mas, ao dizer isso, estamos dizendo que é preciso que o Brasil
comece a se enxergar maior do
que São Paulo, a se enxergar na
sua totalidade. Um país do tamanho do Brasil precisa ter mais
centros de decisão do que apenas
em um único lugar, um único Estado, por mais competente que
seja aquele Estado.
Agência Folha -A forma como o
PT e o governo federal entraram na
disputa eleitoral em São Paulo, que
o próprio governador Aécio Neves
classificou como "exagerado", não
é uma forma de fortalecer o contestado poder político paulista?
Pimentel- Vamos qualificar isso:
às vezes, a imprensa é rigorosamente crítica, severa em relação
ao meu partido. Eu não vi essa severidade toda em outras ocasiões
quando o PSDB no poder fazia as
mesmas coisas que o PT faz, e eu
não acho que estão ferindo a ética,
não. Deslocava seus quadros para
cobrir politicamente situações de
disputa eleitoral, como nós fizemos agora. Não estamos infringindo a legislação.
O envolvimento maior do PT se
justifica. Não é por ser São Paulo,
mas porque essa disputa tem
muita repercussão nacional e os
quadros que estão disputando lá
são figuras de projeção nacional.
Não é isso que vai desequilibrar
mais o quadro federativo.
Agência Folha -O que seria, então?
Pimentel- A questão é mais de
longo prazo. Precisamos ter dentro dos partidos políticos, dentro
dos fóruns políticos brasileiros,
uma postura mais descentralizada, mais federativa. Vale para o
meu partido e vale para o PSDB.
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