FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A reeleição no primeiro turno do prefeito de Recife, João Paulo (PT), abriu caminho para a candidatura do ministro da Saúde, Humberto Costa, ao governo de Pernambuco, em 2006.
Costa tem o aval do PT, apesar da vitória de João Paulo conduzir o prefeito ao posto de principal líder no Estado e fazer dele o candidato natural à sucessão de Jarbas Vasconcelos (PMDB).
O governador peemedebista apoiou os dois candidatos derrotados por João Paulo, Roberto Magalhães, em 2000, e Carlos Eduardo Cadoca, neste ano. Mas, no embate direto, em 2002, Jarbas derrotou o PT. Na época, o candidato petista ao governo do Estado era o então secretário da Saúde de Recife, Humberto Costa.
Muita coisa vem mudando desde então. Lula se tornou presidente, e Costa, ministro. Porém, um dos fatores mais relevantes para o PT é a impossibilidade de Jarbas disputar um terceiro mandato consecutivo, em 2006.
As últimas eleições mostraram que o governador não transfere automaticamente sua popularidade ao seu candidato. A derrota de domingo também enfraqueceu a aliança do PMDB com o PFL e o PSDB, partidos que, sem Jarbas como candidato a um cargo majoritário, tendem a buscar seus próprios caminhos em 2006.
É nessa configuração que o PT enxerga a possibilidade real de vitória de Humberto Costa. Para integrantes do partido, o que supõem ser o fim de mais um ciclo de poder político no Estado desobrigaria a legenda a arriscar um nome em ascensão na disputa. Com reconhecimento nacional, Costa, na avaliação dos petistas, não correria esse mesmo risco.
O PT também vem cultivando um bom relacionamento com Jarbas. Durante a campanha, a legenda manteve a mesma atitude branda dos últimos quatro anos e evitou criticar o governador.
Após a vitória, o prefeito disse que o derrotado era o candidato apoiado pelo governador, e não o governador. Esse comportamento deu origem a rumores de que os petistas pernambucanos estariam vislumbrando uma aliança futura com o PMDB local.
João Paulo não fala sobre os acordos para as próximas eleições. Mas confirma que o candidato do PT ao governo do Estado é mesmo Humberto Costa.
O ministro, que faz questão de manter os vínculos com Pernambuco, despachando pelo menos uma vez por mês de um gabinete em Recife, não comentou as declarações do prefeito. Também não reclamou. Procurado ontem na capital pernambucana, ele não concedeu entrevista.


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