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FORTALEZA
Após ser esquecida, candidata quer obter adesão "incondicional"
Petista diz não ter mágoa e vê lição da democracia para o país
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Luizianne diz que apoio do PT é agora "obrigação"
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Em busca da unidade dos partidos de esquerda para tentar vencer no segundo turno em Fortaleza, a candidata petista Luizianne
Lins, 36, afirmou que é "obrigação" do PT e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiá-la agora, depois de ter sido abandonada pela cúpula do partido
durante todo o primeiro turno.
"Eu acho que é uma obrigação
do PT, uma obrigação do José Genoino, uma obrigação do Lula,
uma obrigação do José Dirceu. Já
que eles não ajudaram até agora,
só atrapalharam, pode ser que
eles venham para ajudar. Entre
PT e PFL, espero que eles decidam
pelo PT", disse.
Luizianne foi boicotada pela cúpula do PT nacional desde que
saiu como candidata pelo partido
por decisão do diretório municipal de Fortaleza -desobedecendo a uma determinação do diretório nacional do partido, que havia
decidido pela coligação com Inácio Arruda (PC do B).
Sem o apoio do próprio partido,
ela chega ao segundo turno para
enfrentar Moroni Torgan (PFL),
desbancando tanto Inácio, que
era apoiado ainda pelo ministro
Ciro Gomes (PPS), como Antônio
Cambraia (PSDB), candidato do
senador Tasso Jereissati (PSDB).
"Agora quero esquecer tudo o
que aconteceu. Não tenho mágoa,
mas acho que ficou uma lição política para todo o Brasil, de que a
democracia é o método mais concreto de construir e que o sentido
da política é a liberdade."
A busca por apoio já começou
ontem mesmo, depois de uma
reunião da coordenação da campanha. Luizianne, porém, disse
que, de qualquer forma, as adesões vão ter que ser "incondicionais". "Não vamos abrir mão do
nosso plano de governo e de nossas idéias."
Até a tarde de ontem, ninguém
da cúpula do PT nacional havia ligado para Luizianne nem para a
coordenação de sua campanha.
Pela manhã, porém, o presidente
nacional do partido, José Genoino, declarou, em entrevista divulgada no site do PT, que, no segundo turno, Luizianne é a candidata
das esquerdas.
Perfil
Ex-líder estudantil, ex-vereadora em dois mandatos e agora deputada estadual, Luizianne conseguiu destaque em Fortaleza quando liderou a oposição contra o
prefeito Juraci Magalhães
(PMDB) e quando esteve à frente,
na Câmara Municipal, de uma
CPI sobre a prostituição infantil
na cidade, há dois anos.
Mestranda em filosofia, ela é
professora da UFC (Universidade
Federal do Ceará) -licenciada
desde que assumiu na Assembléia
Legislativa- e dá aulas no curso
de Comunicação Social.
Antes disso, foi funcionária da
empresa de limpeza pública do
município. Solteira, tem um filho
de seis anos com o vereador eleito
Sérgio Novaes (PSB).
"O Genoino, logo que eu saí como candidata, disse que eu fazia
uma política aventureira. Eu digo
que, na vida, posso até ser aventureira, mas nunca fiz política para
fazer gracinha nem para agradar
ninguém", disse.
Durante toda a campanha, Genoino a acusou de não ser a candidata do presidente Lula por não
apoiá-lo em assuntos polêmicos,
como na votação da reforma da
Previdência.
Para Luizianne, os petistas não
têm de abrir mão de ideais históricos só por causa do governo e,
caso seja eleita, não será "enquadrada" pelo partido.
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