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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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ENTENDA O CASO...

Novas regras geram crise nos bastidores


Estratégia de Max Mosley para reduzir custos e aumentar competitividade da F-1 irrita montadoras, representadas por Ron Dennis e Frank Williams; pré-temporada é a mais agitada desde a polêmica Senna x Balestre, em 90

Hoje, as montadoras são donas de 5 dos 10 times da F-1: Ferrari (Fiat), McLaren (DaimlerChrysler), Jaguar (Ford), Toyota e Renault

Ficou difícil organizar tanta papelada. Se o final da última temporada pecou pela falta de competitividade, o campeonato de 2003 vai começar fervendo. Nos bastidores, o clima já está quente há algum tempo.
Só nos últimos dois meses, a FIA divulgou nove comunicados. Foram 41 páginas convocando reuniões, defendendo e explicando novas regras, instituindo normas, respondendo a críticas, divulgando mudanças de procedimentos.
Do outro lado, duas das principais equipes da F-1, Williams e McLaren, gastaram oito páginas para desancar a entidade máxima do automobilismo. Atacaram o novo regulamento e se comprometeram a levar o caso à Justiça.
E isso foi só o que vazou para a imprensa. A quantidade de mensagens confidenciais que circularam entre as partes é incalculável.
Foi, sem dúvida, a pré-temporada mais agitada desde 1990, quando Ayrton Senna, envolvido em uma crise com o então presidente da Fisa (entidade que controlava a F-1), Jean-Marie Balestre, ameaçou abandonar a categoria.
Desta vez, quem deu a largada para as discussões foi exatamente o sucessor de Balestre. Amparado pelas recentes falências da Prost e da Arrows, o físico e advogado inglês Max Mosley, 63, começou em setembro de 2002 uma cruzada para reduzir os custos da F-1 e, simultaneamente, tornar a categoria mais atrativa para o público.
No dia 28 de outubro, saiu o primeiro pacote de medidas. Para apimentar a disputa, a FIA criou um novo sistema de treinos, ampliou a zona de pontuação dos seis para oito primeiros colocados e proibiu as ordens de equipe.
A entidade fez ainda uma série de sugestões para baratear os custos. As equipes ficaram de pensar.
Seguiu-se, então, um hiato de quase três meses. O silêncio incomodou Mosley. E, em 15 de janeiro, o dirigente anunciou que a FIA adotaria medidas radicais para baratear os custos das equipes.
"Apesar do desaparecimento de duas equipes nos últimos 12 meses, nada foi feito para reduzir os gastos. Em outubro, os times rejeitaram todas as propostas que fizemos, mas não apresentaram nada em troca. Diante disso, a FIA informa que tomará decisões rigorosas a partir de agora", disse.
Esse segundo pacote proibiu a telemetria, a comunicação via rádio entre pilotos e equipes, os controles de tração e de largada e o câmbio automático. Criou, ainda, a obrigatoriedade de os carros ficarem isolados, aos cuidados da FIA, a partir das noites de sábado.
Três dias depois, a GPWC, empresa formada por cinco das montadoras que estão na F-1 - BMW, DaimlerChrysler, Fiat, Ford e Renault-, reagiu. Em um documento, criticou duramente a FIA, alegando que os times não teriam como fazer as mudanças antes do início da temporada.
O motivo? Uma birra antiga com Mosley, que começou na luta por uma divisão melhor dos recursos -apenas 25% do bolo da categoria vai para as equipes.
Na semana seguinte, um novo comunicado de Mosley abrandou as medidas. A telemetria voltou a ser permitida, mas apenas com o envio de dados dos carros para os boxes. O rádio voltou, mas a transmissão será aberta para a imprensa. Por fim, os recursos eletrônicos ganharam uma sobrevida, até o 11º GP da temporada, na Inglaterra, no dia 20 de julho.
Tantas mudanças já eram o suficiente para tumultuar o início do Mundial. Só que muito mais viria.
Forçadas respectivamente por BMW e Mercedes-Benz, Williams e McLaren anunciaram, no último dia 20, que irão à Justiça. Chamaram Mosley de "arbitrário" e disseram que as regras vão contra os "princípios da F-1".
O último capítulo veio há nove dias. Curto e grosso, Mosley chamou Frank Williams e Ron Dennis de "irresponsáveis".
E isso tudo porque o Mundial ainda nem começou...


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Nova pontuação!
Novos pilotos!
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