São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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GOVERNANÇA CORPORATIVA

Seriedade e ampla divulgação de ações internas dão visibilidade e classificação diferenciada na Bovespa

Prática incentiva a adesão de investidores

MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Boas práticas de governança corporativa estão em evidência. Garantir transparência, voz ativa e informação aos acionistas e à comunidade adquiriu mais destaque desde que a Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) criou, em 2000, três opções diferenciadas para empresas que se enquadram em critérios de transparência e de direitos societários.
O sucesso incentivou a criação de um quarto segmento em 2006, para empresas que queiram lançar suas ações aos poucos. "Acionistas minoritários mais protegidos compram ações a um preço melhor e estimulam a abertura de capital", analisa Wang Horng, gerente de desenvolvimento de empresas da Bovespa.
O princípio da governança corporativa surgiu na década de 1980, mas só aportou no Brasil dez anos depois. A prática recorre a auditorias e ampla divulgação para dar transparência à gestão.
O conceito ainda está se consolidando, mas especialistas apostam nele. "É menos arriscado investir em quem tem boa governança", resume José Guimarães Monforte, presidente do conselho do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
Empresas fechadas que planejam abrir o capital também podem aderir à prática. "Elas devem publicar demonstrativos como se já fossem abertas, para adquirir a confiança de possíveis investidores", aconselha Oscar Malvessi, professor da FGV.
A CPFL (distribuidora de energia), de Campinas (SP), implementou essas normas em 2002. "Preocupamo-nos com transparência para dentro e para fora", diz Marco Soligo, assessor de governança corporativa.
Entre as práticas estão a publicação de relatórios anuais em formato GRI (Global Reporting Initiative) e a divulgação interna de relatórios, políticas e investimentos da empresa. Atualmente, a empresa tem cerca de 8.000 acionistas. "Vimos o futuro da CPFL no mercado de capitais", diz o presidente, Wilson Ferreira Jr.

Governo
Transparência é fundamental para quem faz negócios com o governo. "Deve-se divulgar que as negociações foram feitas em condições de mercado", aconselha Alexandre di Miceli da Silveira, professor da FEA-USP.
As empresas devem também contestar o resultado de uma licitação, caso se sintam lesadas. "Há conluio entre empresas, que acertam preços e dividem licitações previamente", diz Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil. "O setor privado deve defender mais seu direito de contestação."

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