São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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PRESTAÇÃO DE CONTAS

O valor da transparência

JULIO SÉRGIO CARDOZO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O conceito de transparência empresarial nasceu há meio século, mas foi somente nesta década que o termo passou a ser tratado com prioridade. Da mesma forma que os atos do poder público têm de ser claros para a fiscalização da sociedade, as iniciativas e a situação patrimonial e operacional das companhias privadas também precisam ser transparentes, à medida que suas atividades de produção de bens e serviços interferem na vida social e econômica do país.
A transparência empresarial a que me refiro, no entanto, vai muito além da obrigatoriedade de demonstrações financeiras ao mercado. Seu conceito moderno pressupõe o acesso crescente dos "stakeholders" à informação sobre qualquer aspecto do comportamento corporativo.
De fato, as empresas, hoje, tornaram-se um organismo vivo, cujo crescimento e sobrevivência estão condicionados a uma interação mais ética com investidores, funcionários, clientes e comunidade.
Os avanços tecnológicos e a própria comunicação instantânea promoveram meios de fiscalização mais eficazes. As empresas e seus parceiros, neste cenário, não têm outra saída senão partilhar entre si conhecimento e resultados.
No Brasil, sua prática é relativamente recente. Começou em 1999, com a criação do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Dois anos mais tarde, os padrões de governança receberam consideráveis avanços na legislação brasileira, com a reforma da lei das sociedades anônimas, especialmente no que cerne à divulgação de balanços contábeis por grandes empresas.
A implementação de boas práticas não só disciplina as relações entre as diversas áreas da organização como também possibilita uma gestão mais profissional.
A necessidade de transparência, por outro lado, também evidenciou a relevância do papel do auditor no mercado. No futuro, sua função deverá, inclusive, extrapolar os limites meramente contábeis. Arrisco dizer que grande parte das demonstrações dos resultados corporativos será ocupada por prestações de contas sobre ações de inserção social. São todas mudanças, em parte, movidas pelo valor da transparência para a manutenção da imagem da empresa e, conseqüentemente, da sobrevivência do negócio.


Julio Sérgio Cardozo, 60, é presidente da Ernst & Young América do Sul

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