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PRESTAÇÃO DE CONTAS
O valor da transparência
JULIO SÉRGIO CARDOZO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O conceito de transparência
empresarial nasceu há meio século, mas foi somente nesta década que o termo passou a ser
tratado com prioridade. Da mesma forma que os atos do poder
público têm de ser claros para a
fiscalização da sociedade, as iniciativas e a situação patrimonial
e operacional das companhias
privadas também precisam ser
transparentes, à medida que
suas atividades de produção de
bens e serviços interferem na vida social e econômica do país.
A transparência empresarial a
que me refiro, no entanto, vai
muito além da obrigatoriedade
de demonstrações financeiras ao
mercado. Seu conceito moderno
pressupõe o acesso crescente
dos "stakeholders" à informação
sobre qualquer aspecto do comportamento corporativo.
De fato, as empresas, hoje, tornaram-se um organismo vivo,
cujo crescimento e sobrevivência estão condicionados a uma
interação mais ética com investidores, funcionários, clientes e
comunidade.
Os avanços tecnológicos e a
própria comunicação instantânea promoveram meios de fiscalização mais eficazes. As empresas e seus parceiros, neste cenário, não têm outra saída senão
partilhar entre si conhecimento
e resultados.
No Brasil, sua prática é relativamente recente. Começou em
1999, com a criação do IBGC
(Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Dois anos
mais tarde, os padrões de governança receberam consideráveis
avanços na legislação brasileira,
com a reforma da lei das sociedades anônimas, especialmente
no que cerne à divulgação de balanços contábeis por grandes
empresas.
A implementação de boas práticas não só disciplina as relações
entre as diversas áreas da organização como também possibilita
uma gestão mais profissional.
A necessidade de transparência, por outro lado, também evidenciou a relevância do papel do
auditor no mercado. No futuro,
sua função deverá, inclusive, extrapolar os limites meramente
contábeis. Arrisco dizer que
grande parte das demonstrações
dos resultados corporativos será
ocupada por prestações de contas sobre ações de inserção social. São todas mudanças, em
parte, movidas pelo valor da
transparência para a manutenção da imagem da empresa e,
conseqüentemente, da sobrevivência do negócio.
Julio Sérgio Cardozo, 60, é presidente
da Ernst & Young América do Sul
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