São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

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GUIA DA MATRÍCULA

Antes de matricular os filhos, pais enfrentam quebra-cabeça para entender questões como pedagogia e qualidade de ensino

Saiba escolher o colégio certo

Pais precisam descobrir como é o dia-a-dia de verdade do colégio

Acertar escola exige talento de detetive

LIANE FACCIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Outubro é o mês em que milhares de paulistanos precisam ser um pouco detetives. São os pais de 15% dos estudantes matriculados ao ano em escolas particulares. Como há centenas de opções em cada uma das cinco regiões da capital, só uma investigação criteriosa pode levar à escolha certa.
Visitar colégios durante os horários de funcionamento é fundamental. Além de conferir as instalações, dando atenção a itens que vão da higiene ao uso de equipamentos por parte dos alunos, os pais devem observar o comportamento de funcionários e estudantes. Vale dar plantões na porta durante a saída para conferir se as crianças deixam o local animadas, comentando o que aprenderam, ou desapontadas, mostrando desinteresse. Mãe de três filhos de idades diferentes, a consultora Cristina Cavalheiro esticava a visita até o recreio. "Assim pude avaliar detalhes que me preocupavam", conta Cristina.
A grande maioria dos paulistanos, 85%, recorre a escolas públicas, onde o acesso se dá por uma seleção que prioriza a proximidade de casa. Nas escolas particulares, a matrícula só é feita em janeiro, mas há inscrições a partir de agosto. Algumas preparam palestras de apresentação para grupos de pais. Quem já passou pela experiência sugere que os interessados peçam para conversar individualmente com o orientador pedagógico -e não aceitem ser entrevistados pelo relações-públicas, mais preocupado com a imagem da instituição do que com a aplicação de teorias de ensino.
Nesse encontro, conta muito a perspicácia para avaliar se o orientador está falando a verdade ou pintando um quadro irreal. "O ideal é fazer perguntas que simulem situações do dia-a-dia", afirma a diretora de projetos educacionais do Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Cidadania, Isis de Palma (veja quadro ao lado). "Se uma escola diz que se preocupa com a transformação da sociedade, ela deve mostrar que desenvolve projetos sociais." O orientador dessa mesma escola precisa ainda mostrar interesse em saber quem é o aluno e qual a expectativa dos pais a respeito do papel da escola.
Também é importante considerar o grupo social dos colegas da criança. Uma vez vivendo num contexto social, ela será influenciada a acompanhar os gastos extras dos coleguinhas. "Descartei escolas em que as crianças eram levadas por motoristas particulares e tiravam férias em Miami, porque esse não é o mundo em que nossa família vive", diz Isis.



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