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Mulheres dirigem com mais prudência, mas esquecem cuidados básicos de manutenção
Homem comete 6 vezes mais infrações
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Dos 18 aos 30 anos, o homem
comete de cinco a seis vezes mais
infrações do que a mulher ao volante. O dado, do Departamento
Nacional de Trânsito, é o início da
resposta a uma questão proposta
pela Folha: a mulher dirige bem?
Para ajudar na investigação, a
reportagem avaliou, com o auxílio de especialistas, o desempenho
de oito motoristas de diferentes
perfis.
"Ela acredita mais na sinalização. Quando se envolve em algum
acidente, é muito mais leve do que
no caso dos homens", afirma o diretor do Denatran, Ailton Pires.
De fato, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), 95% dos condutores envolvidos em acidentes com mortes em
São Paulo em 2002 eram homens.
Por que, então, a motorista sofre tanto preconceito ao volante?
"É uma questão de educação, é
cultural", diz a psicóloga Valquíria Coelho, especialista em trânsito. "Os meninos ganham carrinhos, e as meninas, brinquedos
para desenvolver a afetividade."
"Puro folclore", opina Walter
Machado da Silva, diretor de ensino da auto-escola 1.000 Milhas.
"Dos meus alunos, 85% são mulheres, com desempenho tão bom
ou melhor que o dos homens." A
mulher, diz, é mais tranqüila.
Mas nem tudo é perfeito. "A
mulher tende a não dar passagem
para outros motoristas, talvez por
ser tão discriminada no trânsito."
Outra falha seria na hora da manutenção do carro. "É o maior
ponto fraco feminino", diz Silva.
A atriz Janaina Fainer, 26, concorda. "Costumo trocar o óleo, mas
nem sempre calibro o pneu. Mulher se esquece desses cuidados."
Mães e "não-mães"
Na hora do trânsito, as mulheres podem ser divididas em duas
categorias: mães e "não-mães".
Para Pires, a primeira "é um inferno". "Ela quer deixar o filho na
porta da sala de aula da escola. A
infração mais cometida por elas é
o estacionamento em fila dupla",
avalia o diretor do Denatran.
Já a mãe e analista de sistemas
Diala Martins não pára em fila dupla, mas tem quatro multas por
excesso de velocidade. Com 88
pontos na carteira, teve a licença
suspensa e cursou reciclagem. Segundo ela, a "culpa" de 66 dos
pontos é do marido e do sogro,
que usam outros dois carros registrados no nome dela. "Já estou
providenciando a transferência."
Mulheres também são campeãs
em "raladinhas". Dos carros arranhados que chegam à funilaria de
Salvatore Amato, 80% são delas.
"Mas 90% dos casos de perda total vêm de homens." Sabendo disso, as seguradoras dão a elas tratamento diferenciado.
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