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Retocar a maquiagem no farol é "proibido'; mulheres já são 30% do mercado de blindagem
Vaidade coloca em risco a segurança
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A mulher é a vítima preferencial
dos assaltantes no trânsito, em
parte por causa do estereótipo de
"sexo frágil", em parte por culpa
das "armadilhas da vaidade".
"Mulher costuma retocar a maquiagem no farol. Isso é "proibido". A maioria das vítimas é abordada em momentos de distração", explica o professor da Academia de Polícia Civil da USP
Maurício Soares. Ex-delegado, ele
ministra cursos de proteção em
escolas e em firmas de segurança e
ressalta a importância de a motorista prestar atenção à sua volta.
A mesma atenção deve ser usada, segundo ele, no embarque e
no desembarque do carro.
"Quanto mais rápido, menos risco. Não deixe para desligar o som
e fechar a janela só depois de parar, vá fazendo isso antes." Outra
dica é usar películas escurecedoras nos vidros. "Ladrão não gosta
de surpresas", pondera Soares.
A designer Débora Carvalho, 32,
conhece bem o valor desses conselhos. Ela estava parada com seu
Peugeot 206 em um farol quando
foi abordada por três meninos,
que, segundo ela, fingiam levar armas debaixo da blusa. O grupo
exigiu o celular e a bolsa. "Minha
primeira reação foi acelerar o carro, pois o sinal abriu."
Desde então, Carvalho mudou
seus hábitos no trânsito. "Comecei a prestar mais atenção nos faróis. Antes eu andava superdesligada." Outra tática que a designer
adotou foi manter uma bolsa falsa
com algum dinheiro dentro do
carro. A verdadeira vai no porta-malas. Ela já pensou em blindar o
carro e tem vontade de estender a
película que hoje já escurece as laterais para o vidro da frente. "Os
garotos [do assalto] me viram pelo pára-brisa", lembra.
Não é à toa que as mulheres têm
ajudado a impulsionar o mercado
de blindagem automotiva no Brasil. Segundo dados da Abrablin
(Associação Brasileira de Blindagem), em 2001, 20% da frota nacional de carros blindados pertencia a mulheres. Hoje o número já
subiu para a casa dos 30%.
Uma das maiores empresas do
setor, a IAC do Brasil, faz 25% de
suas vendas para mulheres. Mas
para quem não quer ou não pode
blindar o carro, a polícia dá várias
dicas de como sobreviver na "selva" do tráfego (veja quadro).
Traumas
A violência no trânsito rendeu à
apresentadora de TV Mariana
Dib (Rede Mulher e Record), 26,
dois traumas. Num primeiro episódio, ela não viu uma motocicleta na hora de passar de uma pista
para outra e acabou desviando na
última hora. "Não aconteceu nada, mas todos os outros motoqueiros que vinham atrás, ao passar pelo meu carro, chutaram a
porta. Tive muito medo", conta.
Em outra ocasião, ela andava
com a janela aberta, devagar, procurando uma rua. "Então apareceu um homem em uma moto e
enfiou a mão dentro do carro para
pegar meus óculos de sol. Joguei
os óculos no chão e fugi. Fiquei
tão assustada que eu mesma arranhei meu rosto. Hoje não uso
mais óculos escuros em São Paulo
e, quando vejo um motoqueiro,
fecho o vidro", relata.
(RGV)
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