São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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Designer volta a PE atrás de praia

MILENA ANDRADE
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM RECIFE

A empregada doméstica Aline Souza, 38, e o designer H. D. Mabuse, 30, ambos pernambucanos, têm em comum o fato de terem ido tentar melhorar de vida em São Paulo e voltado para Recife após a experiência na capital paulista. O que separa esses dois personagens são os motivos pelos quais retornaram à terra natal.
Qualidade de vida e uma oportunidade de emprego mais promissora foram os fatores que determinaram a volta de José Carlos Arcoverde, o H. D. Mabuse.
Em 1996, o atual gerente de designer do Centro de Estudos Avançados de Tecnologia de Recife e ex-parceiro de Chico Science nos primórdios do movimento mangue beat decidiu tentar uma vaga de trabalho no mercado de tecnologia que começava a se abrir em São Paulo.
"Tinha uma empresa aqui em Recife, mas o mercado estava muito fechado, e resolvi aproveitar as oportunidades no mercado paulista", conta Mabuse, que rapidamente arranjou um emprego de web designer no portal UOL.
No decorrer de três anos, Mabuse conseguiu se estabelecer na cidade, fazer amigos, trabalhou em outras empresas de tecnologia, mas não pensou duas vezes quando surgiu uma chance de fazer o caminho de volta.
"São Paulo é uma cidade desagradável para viver, principalmente por causa da poluição." O designer afirmou que, apesar de valorizar muito a multiplicidade de opções de diversão da vida paulistana, preferiu a capital pernambucana por causa da praia.
Já o que trouxe de volta ao Nordeste a empregada doméstica Aline Souza foi a frustração com o que ela pensava ser "a realização de um sonho".
Em 1995, ela, o marido, as duas filhas, dois irmãos e a mãe venderam a casa que tinham em Recife e foram "tentar uma vida melhor em São Paulo".
Conseguiram emprego, mas sobrava pouco dinheiro. "Só tem chance de ser alguma coisa melhor quem tem muito estudo", diz Aline, que sonhava com trabalho diferente que o de empregada.
Nos cinco anos que ficou, a família continuou com a mesma vida difícil e de privações de Recife, com o agravante de ter menos dinheiro para diversão.
Em 2000, o marido pediu demissão e decidiu voltar. "Pelo menos agora tenho a praia que é de graça e a casa da minha sogra para morar sem ter de pagar aluguel."



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