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FECUNDIDADE
Mulheres têm menos filhos, mas pesquisa aponta crescimento dos casos de gravidez entre jovens de 15 a 19 anos
País tem mais mães adolescentes
DA SUCURSAL DO RIO
A mulher brasileira está tendo
menos filhos, mas o número de
adolescentes que se tornam mães
é cada vez maior.
De acordo com o IBGE, a taxa
de fecundidade caiu de 2,9 filhos
por mulher em 1991 para 2,35 em
2000. Apesar dessa queda, o IBGE
detectou uma tendência preocupante de aumento na proporção
de mães adolescentes.
No Censo de 1991, 8,7% das mulheres na faixa etária de 15 a 19
anos afirmaram ter tido filho nos
12 meses anteriores à pesquisa.
Em 2000, esse número subiu para
9,1%. Em 1980, a taxa era de 7,9%.
A média da idade em que as
mulheres tiveram filhos nos 12
meses anteriores à pesquisa caiu
de 27,2 anos para 26,3 anos, entre
1991 e 2000.
O aumento na proporção de
adolescentes com filhos é mais
preocupante no Norte do país,
onde 14,2% das mulheres de 15 a
19 anos afirmaram ter tido filhos.
O aumento também é verificado
nas demais regiões do país, mas
os indicadores são menores. No
Sudeste, 7,4% das mulheres entre
15 e 19 anos recenseadas afirmaram ter tido filho nos últimos doze meses. No Sul, a porcentagem é
de 8%; no Centro-Oeste, 10,4% e
no Nordeste, 10,1%.
Sexo seguro
"Isso preocupa principalmente
se imaginarmos que as campanhas de sexo seguro e de prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis podem estar atingindo as mulheres apenas a partir
de uma certa idade e tendo pouco
impacto entre os adolescentes, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste", diz o pesquisador do IBGE
Juarez de Castro Oliveira.
De acordo com Suzana Cavenaghi, pesquisadora da Abep (Associação Brasileira de Estudos Populacionais) e da Unicamp, o que
mais preocupa no caso de mães
adolescentes não é o número absoluto de casos, mas sim a especificidade de cada um deles. "Muitos desses casos são de gravidez
indesejada", afirma.
O indicador médio do IBGE
mostra também que a mulher está
tendo filhos mais cedo -decorrência do aumento dos casos de
mães adolescentes e da opção das
mulheres por ter menos filhos depois dos 30 anos, mesmo com os
avanços da ciência que diminuem
o risco na gravidez.
"Como as mulheres mais velhas
estão tendo menos filhos, está aumentando o peso da proporção
de adolescentes na média de idade em que é mais comum encontrar mulheres grávidas. A partir
de uma certa idade, a mulher decide parar de ter filhos utilizando
pílula ou métodos de esterilização", explica Suzana.
A queda na taxa de fecundidade
da mulher nos anos 90 fez com
que as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficassem, em 2000, próximas da média de filhos por mulher que garante a reposição das
gerações, que é de 2,1 filhos.
No Sudeste, essa taxa ficou em
2,1, enquanto no Centro-Oeste e
Sul ela é de 2,2. Esses indicadores
são próximos aos encontrados
em alguns países desenvolvidos,
como Estados Unidos (2,0) e Irlanda (1,9). São também inferiores à média de países vizinhos, como Chile (2,4) e Argentina (2,6).
No Norte do país, a taxa de fecundidade é de 3,2 filhos, enquanto
no Nordeste é de 2,6.
Tendência definida
Na avaliação de especialistas, dificilmente a tendência de queda
da taxa de fecundidade no Brasil
será revertida nos próximos anos.
"Analisando exemplos de países
onde a taxa baixou muito, é difícil
voltar a crescer. No Nordeste e em
algumas regiões, a retomada do
crescimento é difícil também, por
causa do grande número de esterilizações já feitas em mulheres",
afirma Suzana.
Como reflexo da opção de ter
menos filhos, a família brasileira
diminuiu de tamanho de 1991 para 2000. O último censo detectou
um tamanho médio de 3,5 pessoas, contra 3,9 de 1991.
Os dados de 2000 mostram
também que, do total de famílias,
26,7% são chefiadas por mulheres. Nessas famílias, a média de
pessoas é de 2,9. Nas chefiadas
por homens, a média é superior,
chegando a 3,7 pessoas.
O aumento no número de mulheres chefiando famílias pode ser
explicado, segundo o IBGE, pelo
fato de as mulheres viverem mais
do que os homens e pelo aumento
da autonomia econômica e cultural feminina no Brasil.
(ANTÔNIO GOIS)
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