São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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FECUNDIDADE

Mulheres têm menos filhos, mas pesquisa aponta crescimento dos casos de gravidez entre jovens de 15 a 19 anos

País tem mais mães adolescentes

DA SUCURSAL DO RIO

A mulher brasileira está tendo menos filhos, mas o número de adolescentes que se tornam mães é cada vez maior.
De acordo com o IBGE, a taxa de fecundidade caiu de 2,9 filhos por mulher em 1991 para 2,35 em 2000. Apesar dessa queda, o IBGE detectou uma tendência preocupante de aumento na proporção de mães adolescentes.
No Censo de 1991, 8,7% das mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos afirmaram ter tido filho nos 12 meses anteriores à pesquisa. Em 2000, esse número subiu para 9,1%. Em 1980, a taxa era de 7,9%.
A média da idade em que as mulheres tiveram filhos nos 12 meses anteriores à pesquisa caiu de 27,2 anos para 26,3 anos, entre 1991 e 2000.
O aumento na proporção de adolescentes com filhos é mais preocupante no Norte do país, onde 14,2% das mulheres de 15 a 19 anos afirmaram ter tido filhos. O aumento também é verificado nas demais regiões do país, mas os indicadores são menores. No Sudeste, 7,4% das mulheres entre 15 e 19 anos recenseadas afirmaram ter tido filho nos últimos doze meses. No Sul, a porcentagem é de 8%; no Centro-Oeste, 10,4% e no Nordeste, 10,1%.

Sexo seguro
"Isso preocupa principalmente se imaginarmos que as campanhas de sexo seguro e de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis podem estar atingindo as mulheres apenas a partir de uma certa idade e tendo pouco impacto entre os adolescentes, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste", diz o pesquisador do IBGE Juarez de Castro Oliveira.
De acordo com Suzana Cavenaghi, pesquisadora da Abep (Associação Brasileira de Estudos Populacionais) e da Unicamp, o que mais preocupa no caso de mães adolescentes não é o número absoluto de casos, mas sim a especificidade de cada um deles. "Muitos desses casos são de gravidez indesejada", afirma.
O indicador médio do IBGE mostra também que a mulher está tendo filhos mais cedo -decorrência do aumento dos casos de mães adolescentes e da opção das mulheres por ter menos filhos depois dos 30 anos, mesmo com os avanços da ciência que diminuem o risco na gravidez.
"Como as mulheres mais velhas estão tendo menos filhos, está aumentando o peso da proporção de adolescentes na média de idade em que é mais comum encontrar mulheres grávidas. A partir de uma certa idade, a mulher decide parar de ter filhos utilizando pílula ou métodos de esterilização", explica Suzana.
A queda na taxa de fecundidade da mulher nos anos 90 fez com que as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficassem, em 2000, próximas da média de filhos por mulher que garante a reposição das gerações, que é de 2,1 filhos.
No Sudeste, essa taxa ficou em 2,1, enquanto no Centro-Oeste e Sul ela é de 2,2. Esses indicadores são próximos aos encontrados em alguns países desenvolvidos, como Estados Unidos (2,0) e Irlanda (1,9). São também inferiores à média de países vizinhos, como Chile (2,4) e Argentina (2,6). No Norte do país, a taxa de fecundidade é de 3,2 filhos, enquanto no Nordeste é de 2,6.

Tendência definida
Na avaliação de especialistas, dificilmente a tendência de queda da taxa de fecundidade no Brasil será revertida nos próximos anos. "Analisando exemplos de países onde a taxa baixou muito, é difícil voltar a crescer. No Nordeste e em algumas regiões, a retomada do crescimento é difícil também, por causa do grande número de esterilizações já feitas em mulheres", afirma Suzana.
Como reflexo da opção de ter menos filhos, a família brasileira diminuiu de tamanho de 1991 para 2000. O último censo detectou um tamanho médio de 3,5 pessoas, contra 3,9 de 1991.
Os dados de 2000 mostram também que, do total de famílias, 26,7% são chefiadas por mulheres. Nessas famílias, a média de pessoas é de 2,9. Nas chefiadas por homens, a média é superior, chegando a 3,7 pessoas.
O aumento no número de mulheres chefiando famílias pode ser explicado, segundo o IBGE, pelo fato de as mulheres viverem mais do que os homens e pelo aumento da autonomia econômica e cultural feminina no Brasil.
(ANTÔNIO GOIS)


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