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Remédio caseiro
Trabalho psicológico ainda é visto com desconfiança por dirigentes, técnicos e atletas, que usam auto-ajuda e técnicas próprias para evitar que a cabeça atrapalhe o corpo
DA REPORTAGEM LOCAL
Psicologia e esporte
ainda não caminham
juntos no Brasil. Por
mais que o trabalho
com o tema tenha
evoluído, ele ainda está distante da realidade de muitos atletas da elite do país.
"Ainda há o preconceito de
que só precisa de auxílio quem
está doente", afirma a psicóloga Márcia Pilla do Valle.
Para não deixar a cabeça interferir no desempenho, porém, os competidores lançam
mão de uma gama de técnicas,
crenças e artimanhas que ganham mais espaço às vésperas
de torneios como o Pan.
"Os próprios atletas reconhecem que um treinamento
psicológico é importante, que
faz diferença no rendimento.
Mas quando você pergunta se
ele faz algum tipo de trabalho, a
resposta quase sempre é não",
afirma Renato Miranda, professor da Universidade Federal
de Juiz de Fora (MG).
Rosângela Conceição, além
dos trabalhos psicológicos que
faz no Ibirapuera, baseados em
atividades lúdicas e corporais,
encontrou equilíbrio e concentração no kung-fu.
"Me ajuda a ficar mais segura. Uma das coisas que me afetam é ir para as competições
sem meu técnico. Ele pode ver
coisas na luta e me ajudar a resolvê-las. Perco muitas lutas
que faço sozinha por detalhes",
diz a atleta de luta livre.
Lucila, da seleção de handebol, sente falta do trabalho psicológico feito na equipe em
2001. Lembra que aprendeu
muito sobre como lidar com as
companheiras de quadra.
"As pessoas pensam de forma diferente, você tem de ter
paciência, saber que uma é
mais quieta, outra mais brigona, outra mais certinha... E
aprende a entender melhor os
seus limites também", diz.
A atleta encontrou sua própria forma de ganhar motivação nos jogos. Sempre que chega ao ginásio, procura uma
criança para olhar. Diz que lhe
trás alegria. A estratégia, porém, já quase a derrubou.
"Uma vez, na Argentina, eu
não achava uma criança de jeito nenhum. Até que encontrei
um garoto que tinha uns 10, 11
anos e relaxei... Não era tão
criança, mas valeu", brinca ela.
Uma técnica utilizada por
muitos atletas é visualizar sua
competição. Mentalmente, Fabiana Murer planeja seus saltos com vara, Fernando Saraiva levanta pesos, Danielle Zangrando dá golpes de judô.
"Li uma vez na revista "Time"
que muitos atletas fazem isso.
Não lembro quando comecei.
Mentalizo os saltos antes de
dormir", afirma Fabiana.
O medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima também nunca treinou com um
psicólogo. Mas faz um trabalho
de relaxamento diário. E segue
uma planilha de treinos que
mostram sua evolução.
"A preparação mental é feita
no dia a dia", diz o técnico Ricardo D'Angelo.
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