São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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RAONI VILAS BOAS (1984-2010)

Idealista, filho desenhava "com o coração"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Professores de Raoni Vilas Boas, 25, o filho de Glauco morto ao lado do pai na madrugada de ontem, sabiam que ele não havia herdado o traço do pai.
"O desenho, para ele, era uma ferramenta para ilustrar sonhos e projetos. Ele desenhava com o coração", diz Júlio Freitas, que foi professor de Raoni no semestre passado, no Senac-SP, onde cursava tecnologia em produção multimídia.
Freitas se lembra de Raoni rabiscando no papel como pretendia usar a internet para ajudar comunidades isoladas do país, especialmente indígenas.
"Enquanto colegas viajavam para a Europa ou Nova York, ele ia para a Amazônia. Não queria se formar para enriquecer, mas para ajudar as pessoas. Um de seus ideais era criar uma base de dados de remédios para comunidades distantes."
Coordenadora do colégio Oswald de Andrade, onde Raoni estudou na infância, Cecília Bottiglieri lembra que ele não era de boas notas e chegou a repetir de ano. Para ela, ficou a lembrança de um humor semelhante ao do pai. "Uma vez, foi fazer um trabalho da escola em uma igreja, entrou no confessionário e fingiu que era o padre. Fazia essas brincadeiras."
Raoni tocava acordeão com Glauco nos trabalhos de Santo Daime, da igreja Céu de Maria, e estava aprendendo violão para acompanhar os hinos da religião liderada por Glauco.
Filho de Erica Ornellas, Raoni nasceu menos de cinco meses após seu irmão, Ipojucã (hoje desenhista, músico e produtor musical), do relacionamento de Glauco com Nimoengaju, filha de um cacique caiuá. Amigos se lembram de quando ele contou: "Vou ter dois filhos".
No ano seguinte, inspirado nos meninos, Glauco criou para a Folhinha Geraldinho, um de seus principais personagens.


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