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RAONI VILAS BOAS (1984-2010)
Idealista, filho desenhava "com o coração"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Professores de Raoni Vilas
Boas, 25, o filho de Glauco morto ao lado do pai na madrugada
de ontem, sabiam que ele não
havia herdado o traço do pai.
"O desenho, para ele, era uma
ferramenta para ilustrar sonhos e projetos. Ele desenhava
com o coração", diz Júlio Freitas, que foi professor de Raoni
no semestre passado, no Senac-SP, onde cursava tecnologia em
produção multimídia.
Freitas se lembra de Raoni
rabiscando no papel como pretendia usar a internet para ajudar comunidades isoladas do
país, especialmente indígenas.
"Enquanto colegas viajavam
para a Europa ou Nova York,
ele ia para a Amazônia. Não
queria se formar para enriquecer, mas para ajudar as pessoas.
Um de seus ideais era criar uma
base de dados de remédios para
comunidades distantes."
Coordenadora do colégio Oswald de Andrade, onde Raoni
estudou na infância, Cecília
Bottiglieri lembra que ele não
era de boas notas e chegou a repetir de ano. Para ela, ficou a
lembrança de um humor semelhante ao do pai. "Uma vez, foi
fazer um trabalho da escola em
uma igreja, entrou no confessionário e fingiu que era o padre. Fazia essas brincadeiras."
Raoni tocava acordeão com
Glauco nos trabalhos de Santo
Daime, da igreja Céu de Maria,
e estava aprendendo violão para acompanhar os hinos da religião liderada por Glauco.
Filho de Erica Ornellas, Raoni nasceu menos de cinco meses
após seu irmão, Ipojucã (hoje
desenhista, músico e produtor
musical), do relacionamento de
Glauco com Nimoengaju, filha
de um cacique caiuá. Amigos se
lembram de quando ele contou:
"Vou ter dois filhos".
No ano seguinte, inspirado
nos meninos, Glauco criou para
a Folhinha Geraldinho, um de
seus principais personagens.
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