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Há 100 anos papangus fazem a
festa do agreste pernambucano
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Bezerros (PE)
Há cerca de cem anos, a cidade
de Bezerros, no agreste de Pernambuco, repete o mesmo ritual
nos domingos de Carnaval -logo
pela manhã, jovens, idosos e crianças vestem máscaras e fantasias,
comem angu com carne e caem na
folia na praça central da cidade.
Por causa do ritual, os foliões de
Bezerros passaram a ser conhecidos como "papangus". Ontem, foi
mais um dia deles na cidade.
A festa, animada por orquestras
de frevo, começou com um desfile
de blocos que reuniu cerca de
5.000 pessoas, segundo a prefeitura, organizadora do evento.
Faz parte da tradição dos papangus esconder ao máximo o corpo
sob as fantasias. A prática é mais
um ritual do Carnaval de Bezerros,
cidade de 51 mil habitantes, localizada a 110 km de Recife.
"Isso surgiu de uma lenda que fala do amor de dois foliões que só
revelaram suas identidades depois
do Carnaval", disse o prefeito Lucas Cardoso (PFL).
Os foliões seguem a tradição e a
maioria esconde o corpo com túnicas coloridas. Quem não tem máscara usa capuz. A festa começa no
início da manhã e só termina no final da tarde, quando os rostos são
então descobertos.
Café da manhã
O desfile dos papangus é precedido por outra tradição -o café da
manhã com amigos "desconhecidos". Fantasiados, os grupos vão
de casa em casa para comer o angu
(prato feito de milho) com carne.
Faz parte da festa tentar descobrir
quem está por trás das máscaras.
Ontem a folia se repetiu e arrastou milhares de pessoas à praça
central da cidade. Pequenas orquestras de frevo comandaram o
desfile, onde até os bonecos gigantes e os cachorros trazidos por seus
donos usavam máscaras.
Sem recursos para grandiosidades, os foliões improvisaram carros alegóricos em carrocerias de
caminhões puxadas por tratores.
Apesar da tradição do uso das
máscaras -supostamente trazida
por imigrantes europeus-, as
fantasias seguem os ritmos dos
tempos. Não faltaram o bloco dos
desempregados e o retirante com
um jarro de água na cabeça.
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