São Paulo, Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 1999
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Há 100 anos papangus fazem a festa do agreste pernambucano

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Bezerros (PE)

Há cerca de cem anos, a cidade de Bezerros, no agreste de Pernambuco, repete o mesmo ritual nos domingos de Carnaval -logo pela manhã, jovens, idosos e crianças vestem máscaras e fantasias, comem angu com carne e caem na folia na praça central da cidade.
Por causa do ritual, os foliões de Bezerros passaram a ser conhecidos como "papangus". Ontem, foi mais um dia deles na cidade.
A festa, animada por orquestras de frevo, começou com um desfile de blocos que reuniu cerca de 5.000 pessoas, segundo a prefeitura, organizadora do evento.
Faz parte da tradição dos papangus esconder ao máximo o corpo sob as fantasias. A prática é mais um ritual do Carnaval de Bezerros, cidade de 51 mil habitantes, localizada a 110 km de Recife.
"Isso surgiu de uma lenda que fala do amor de dois foliões que só revelaram suas identidades depois do Carnaval", disse o prefeito Lucas Cardoso (PFL).
Os foliões seguem a tradição e a maioria esconde o corpo com túnicas coloridas. Quem não tem máscara usa capuz. A festa começa no início da manhã e só termina no final da tarde, quando os rostos são então descobertos.

Café da manhã
O desfile dos papangus é precedido por outra tradição -o café da manhã com amigos "desconhecidos". Fantasiados, os grupos vão de casa em casa para comer o angu (prato feito de milho) com carne. Faz parte da festa tentar descobrir quem está por trás das máscaras.
Ontem a folia se repetiu e arrastou milhares de pessoas à praça central da cidade. Pequenas orquestras de frevo comandaram o desfile, onde até os bonecos gigantes e os cachorros trazidos por seus donos usavam máscaras.
Sem recursos para grandiosidades, os foliões improvisaram carros alegóricos em carrocerias de caminhões puxadas por tratores.
Apesar da tradição do uso das máscaras -supostamente trazida por imigrantes europeus-, as fantasias seguem os ritmos dos tempos. Não faltaram o bloco dos desempregados e o retirante com um jarro de água na cabeça.


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