São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Aplicações são as melhores parceiras do financiamento

Poupador paciente multiplica dinheiro e reduz gasto com juros da dívida

EDUARDO CAMPOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A alta procura por crédito mostra que o brasileiro acha bom negócio financiar um imóvel. Não é o que pensam especialistas em finanças.
Para eles, ter disciplina e paciência para poupar e seguir pagando aluguel pode ser o melhor investimento -no final, será possível comprar à vista ou financiar um valor menor.
Mesmo quem já tem dinheiro guardado deve esperar, sugere William Eid Júnior, 51, coordenador do Centro de Estudos Financeiros da Fundação Getulio Vargas. "Muitos dizem: "financiando, pago algo que é meu". Com boas aplicações, mantenho meu capital, que ainda rende mais", argumenta.
A recomendação vale também para quem já poupou quantia semelhante ao valor do imóvel que pretende comprar.
"Se a pessoa aplicar o dinheiro, conseguirá pagar o aluguel e terá uma sobra, mantendo a mesma estabilidade associada aos imóveis", avalia Eid Júnior.
Com aplicações financeiras seguras, como fundos de renda fixa, obtêm-se rendimentos de 0,8% a 0,9% com baixos riscos. "Em média, o valor do aluguel varia de 0,5% a 1% do valor do imóvel. Com os rendimentos, pode-se cobrir completamente o custo e conseguir uma margem", concorda Francis Hesse, 50, consultor financeiro.
Se a decisão é comprar, é melhor desembolsar uma quantia significativa e dar de entrada, usando também o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que pode ser sacado após três anos de contribuição.
O saldo deve ser parcelado em prestações que não representem mais do que 30% da renda líquida mensal.

Tipos de prestação
O valor das prestações pode ser definido de duas maneiras. Há planos com parcelas reajustáveis -com juros definidos e taxas de correção, geralmente a TR (Taxa Referencial)- e com mensalidades fixas, em que a taxa de juros geralmente é mais alta, pois não se cobra a TR.
Segundo Hesse, a tendência é que a TR caia, a longo prazo, se as condições da economia se mantiverem. O plano reajustável seria o mais vantajoso.
Alguns bancos também oferecem juros menores durante os três primeiros anos -depois eles aumentam.
"O risco é ter dificuldades quando as prestações subirem. Se não houver expectativa de que o salário aumente, é melhor não optar por esses planos", alerta Eid Júnior,da Fundação Getulio Vargas. (ECL)

Poupador
Como queria sair da casa dos pais, Felipe Soller, 25, produtor de eventos, economizou parte do salário por dois anos e usou FGTS para dar entrada em um apartamento na Vila Carrão (zona leste). Até receber as chaves, em 2010, ele paga a entrada à construtora; depois, quer financiar em dez anos o que sobrar

Premiada
A contadora Regina Garófalo, 26, entrou, há três anos, em um consórcio que duraria 15. Foi contemplada logo no oitavo mês e vendeu sua cota para outro integrante do grupo, que pagou 20% a mais sobre o valor que ela já havia desembolsado. Ela juntou a quantia ao FGTS e deu entrada em um imóvel em Santo André

Investidor
O analista de sistemas André Pontes, 24, entrou em um consórcio, mas desistiu após dois meses por achar que não valeria a pena. Decidiu, há um ano e meio, comprar mais ou menos R$ 200 de ações por mês para acumular capital e tem a meta de, no futuro, pagar o aluguel com os rendimentos


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