São Paulo, Terça-feira, 16 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO
Apesar de confusão, escola foi a que mais animou o desfile do Grupo Especial no primeiro dia
Criativa, Viradouro se destaca

MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

A Unidos do Viradouro foi o destaque único de uma sequência de desfiles mornos e pouco criativos que marcaram a primeira noite do Grupo Especial do Rio.
Com belas fantasias, alegorias caprichadas e um bom samba, sustentado por ótima bateria, a escola de Niterói, última a desfilar, animou a madrugada de segunda.
Se os julgadores fizerem vista grossa ao excesso de licença poética do enredo -em tese, sobre a vida da heroína catarinense Anita Garibaldi; na prática, uma sucessão de bruxas, borboletas, tribos africanas e romanos- e à correria das últimas alas, a Viradouro é candidata ao título.
Não que o carnavalesco Joãosinho Trinta tenha apresentado algo revolucionário. Mas, em relação à maioria das escolas da noite, seu trabalho sobressaiu como o de um mestre em meio a principiantes.
Coube ao Salgueiro o papel de principal coadjuvante. Fantasias bonitas e componentes animados -ajudados por dois refrães fortes no samba-, a escola tijucana conseguiu bons momentos em seu desfile sobre a cidade de Natal.
O carnavalesco Mauro Quintaes teve idéias interessantes, sobretudo nas fantasias, como as de jangada (com a vela nas costas do componente) e de lagosta (inflável, presa à cabeça). O carro representando o forte dos Reis Magos, na capital potiguar, também se destacou, com canhões simulando disparos bem estrondosos.
Na União da Ilha do Governador, cujo barracão foi atingido por um incêndio e um alagamento nas últimas semanas, o carnavalesco Milton Cunha conseguiu momentos de inspiração ao desenvolver o enredo sobre o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, presidente da Associação Brasileira de Imprensa.
Cunha foi feliz ao criar um leitmotiv visual, utilizando folhas de jornal para compor as fantasias. Outra boa solução do carnavalesco foi uma ala de sertanejos com uma espécie de "tapete" preso aos tornozelos dos componentes, transformando a pista do Sambódromo no chão árido e cheio de cactos da caatinga nordestina.
Seu belo samba, porém, foi prejudicado pelo andamento acelerado. Os melhores momentos, nessa área, ficaram com a bateria de mestre Paulão, que criou uma coreografia -na base do três passinhos para a frente, três para trás- durante a paradinha.
A Portela, cujo passado de 21 títulos sempre recomenda boa dose de atenção, passou como gosta: alas e mais alas de plumas azuis e brancas, brancas e azuis, de belo efeito, mas significado pouco claro no enredo sobre Minas Gerais.
A escola foi prejudicada pelo desmaio de um destaque do abre-alas, que exigiu complicada operação de socorro dos bombeiros. Após cinco minutos, com o destaque em pé, a escola prosseguiu.
O desfile do domingo foi aberto pela São Clemente, que homenageou o jurista e político Rui Barbosa. Com fantasias de fácil compreensão, mas de pobre concepção, a escola corre o risco de voltar para o Grupo de Acesso.
Risco também corre o Império Serrano. De volta ao Grupo Especial, a escola fez um desfile confuso para contar a história da rua 46 -a rua dos brasileiros em Nova York .
Melhor era o carro representando a favela da Serrinha, em Madureira (zona norte), berço da escola. Lá estava tudo no lugar certo: as roupas no varal, o botequim e o lixo espalhado pelas ruelas.
A noite teve ainda a Vila Isabel, que fez um desfile correto -sem erros, mas também sem brilho- para contar a história de João Pessoa, a capital da Paraíba. ""Não sei se foi bom, não sei se foi ruim, mas acho que foi do jeito que a gente queria fazer", disse o cantor e compositor Martinho da Vila.


Texto Anterior: Notas
Próximo Texto: Telefônica "perde a linha" no Sambódromo
Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.