São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2010

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Antecipar restituição em bancos tem prós e contras

Juro cobrado é menor, mas devolução pode demorar se declaração ficar na malha

DA REPORTAGEM LOCAL

Compensa receber a restituição do IR mais cedo, pagando juro ao banco? Essa é uma pergunta que muitos contribuintes que têm esse direito se fazem após entregar a declaração. A dúvida ocorre porque todos os anos, a partir de março, diversos bancos oferecem aos clientes com direito a restituição a possibilidade de antecipar o recebimento do dinheiro.
Em geral, essas instituições adiantam entre 60% e 100% do valor que o contribuinte tem a receber, com juros entre 2% e 4% ao mês, em média -algumas cobram até menos de 2%.
Como se tratam de taxas bem mais baixas do que as cobradas em outras modalidades de crédito -como o cheque especial e o cartão de crédito-, muitos contribuintes se sentem tentados a antecipar o recebimento de um dinheiro que só chegará no segundo semestre -isso se a declaração não ficar retida na malha fina da Receita.
Aos que pretendem antecipar o recebimento, um alerta: entregar a declaração no prazo não garante a restituição nos primeiros lotes, nem mesmo neste ano. É bom não esquecer de que a Receita tem cinco anos (até o final de 2015) para devolver o dinheiro ao contribuinte que tiver esse direito.
Além disso, é importante lembrar o que ocorreu no ano passado. Como a arrecadação tributária estava em baixa, devido à crise, o governo decidiu atrasar as restituições para fazer caixa -R$ 3 bilhões que deveriam ser pagos aos contribuintes em 2009 seriam jogados para este ano. O governo só voltou atrás depois de a Folha ter revelado a estratégia.
Resultado: nos dois últimos meses do ano, o governo turbinou as restituições -em novembro foram pagos R$ 2 bilhões para 2,138 milhões de contribuintes; em dezembro, R$ 2,5 bilhões para 1,935 milhão de contribuintes.
Assim, só deve antecipar a restituição em banco o contribuinte que tiver dívidas com juros bem acima de 4%, como os do cartão de crédito e do cheque especial. Nesse caso, compensa usar o dinheiro para quitar a dívida com juro maior. Se for antecipar o dinheiro para outra finalidade, é aconselhável pensar bem, uma vez que a restituição pode não ser liberada neste ano -e em geral os bancos querem que o adiantamento seja quitado até 20 de dezembro. Se a devolução demorar, o custo final da antecipação poderá acabar ficando muito maior do que o previsto.
Assim como há contribuintes que antecipam a restituição, há aqueles que não necessitam do dinheiro com urgência. Para esses, deixar a entrega para os últimos dias de abril pode até ser vantajoso, porque a restituição sairá no final do ano. E, como a correção é pela Selic, o dinheiro deve render mais do que algumas aplicações, como a poupança. (MC)


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