São Paulo, quinta, 16 de outubro de 1997.



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Diretor testa os limites da violência

da Equipe de Articulistas

"Violência Gratuita" ("Funny Games") detonou a polêmica do ano, durante o último Festival de Cannes. Rachou ao meio o júri, a crítica e o público.
A questão colocada pelo cineasta austríaco Michael Hanecke é precisa: até que ponto o espectador acostumado ao prazer voyeurístico da violência suporta ver sua tara explicitada até o insuportável?
Para tanto, Hanecke, já conhecido do público da Mostra Internacional de Cinema por "Benny's Video" e "71 Fragmentos sobre a Cronologia do Acaso", desenvolveu um sofisticado policial. "Funny Games" concentra-se na tortura por dois jovens psicopatas de uma família austríaca.
Tudo começa com uma pacata viagem de férias para a praia. "Capturamos o espectador pelos mecanismos do thriller", reconheceu o diretor. Sutilmente, o terror se impõe, e a família se vê indefesa frente ao sadismo de Peter e Paul.
Hanecke transforma esse jogo macabro numa contundente fábula sobre a anestesia frente à ascensão da violência. Faz isso renunciando aos efeitos fáceis, às imagens chocantes e aos clichês do gênero.
Vale atenção especial o papel cumprido pelo som, fonte de muito do desconforto que acompanha a projeção do filme.
"Uso a imaginação do espectador, algo que o cinema contemporâneo tanto despreza", metralha Hanecke. "É muito mais importante do que litros de sangue."
"Violência Gratuita" é, simplesmente, o filme do ano. (AL)


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