|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Diretor testa os limites da violência
da Equipe de Articulistas
"Violência Gratuita" ("Funny
Games") detonou a polêmica do
ano, durante o último Festival de
Cannes. Rachou ao meio o júri, a
crítica e o público.
A questão colocada pelo cineasta
austríaco Michael Hanecke é precisa: até que ponto o espectador acostumado ao prazer voyeurístico da
violência suporta ver sua tara explicitada até o insuportável?
Para tanto, Hanecke, já conhecido do público da Mostra Internacional de Cinema por "Benny's Video" e "71 Fragmentos sobre a
Cronologia do Acaso", desenvolveu um sofisticado policial.
"Funny Games" concentra-se na
tortura por dois jovens psicopatas
de uma família austríaca.
Tudo começa com uma pacata
viagem de férias para a praia.
"Capturamos o espectador pelos
mecanismos do thriller", reconheceu o diretor. Sutilmente, o terror
se impõe, e a família se vê indefesa
frente ao sadismo de Peter e Paul.
Hanecke transforma esse jogo
macabro numa contundente fábula
sobre a anestesia frente à ascensão
da violência. Faz isso renunciando
aos efeitos fáceis, às imagens chocantes e aos clichês do gênero.
Vale atenção especial o papel
cumprido pelo som, fonte de muito
do desconforto que acompanha a
projeção do filme.
"Uso a imaginação do espectador, algo que o cinema contemporâneo tanto despreza", metralha
Hanecke. "É muito mais importante do que litros de sangue."
"Violência Gratuita" é, simplesmente, o filme do ano.
(AL)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|