São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2001

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GUERRA NA AMÉRICA

Procurado vivo ou morto

Reuters
Osama bin Laden é apontado pelos EUA como o principal suspeito dos atentados da semana passada


MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Os EUA querem capturar Osama bin Laden "vivo ou morto", mas esperam não "fazer mal" à população afegã na caçada ao suspeito dos atentados que atingiram Nova York e Washington.
O presidente George W. Bush afirmou ontem que o país já tem 35 mil homens a postos para lutar e que existe uma forte determinação militar. "Vamos defender a liberdade a qualquer custo. Não permitiremos que nos aterrorizem", disse em visita ao Pentágono, onde se estima que 189 pessoas tenham morrido.
Indagado se os EUA preferem matar Bin Laden ou levá-lo a julgamento, o presidente respondeu: "Quero Justiça. Havia no Velho Oeste um cartaz que dizia: "Procurado: vivo ou morto'".
De acordo com o secretário de Estado, Colin Powell, "todos os caminhos" das investigações apontam para Bin Laden, um líder de origem saudita que, acredita-se, vive refugiado no Afeganistão. "Com o passar das horas, dos dias, fica claro que a Al Qaeda [rede comandada por Bin Laden" é a principal suspeita."
Powell quer que o Taleban expulse o terrorista. "Eles deveriam impedir que esses invasores coloquem sua sociedade em risco", afirmou. "Está na hora de mandarem sua visita embora."
O secretário da Justiça, John Ashcroft, voltou a pedir ao Congresso a aprovação de um pacote de medidas que amplie os poderes da CIA para investigar atividades terroristas. Aschcroft também anunciou que agentes do FBI serão utilizados na segurança de vôos comerciais. "É possível que auxiliares dos sequestradores [dos aviões usados no ataque de 11 de setembro" continuem nos Estados Unidos", disse.
Uma semana depois do maior atentado da história, setores do governo americano já baixam o tom das ameaças.
Powell discordou publicamente do subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, que prometera ação dos EUA para eliminar não apenas organizações terroristas, mas também seus "santuários" e os "Estados" que lhes dão refúgio.
"O máximo que posso dizer é que queremos eliminar o terrorismo", disse ontem o secretário de Estado. Powell foi a primeira autoridade americana a demonstrar preocupação com a perspectiva de morte de civis em um ataque ao Afeganistão. "Não queremos fazer mal ao povo afegão. É gente pobre, que sofre", afirmou.
Powell está encarregado de conseguir apoio internacional não só à ofensiva contra o Taleban, mas também, no longo prazo, para a "guerra contra o terrorismo".
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, estará em Washington na quinta-feira. "Será uma visita importante nos esforços para construir uma coalizão internacional forte", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
Powell tem mantido contatos na tentativa de convencer os países árabes a apoiar as ações americanas. No entanto, fontes do Departamento de Estado informaram à Folha que as reuniões dos EUA com embaixadores árabes esbarram sempre no conflito entre israelenses e palestinos.
Os países árabes estariam condicionando seu envolvimento no combate ao terrorismo à mudança de postura dos EUA no conflito. Ontem, Powell disse: "Temos de fazer algo sobre a situação no Oriente Médio, e gasto parte dos meus dias tratando do assunto".


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