|
Próximo Texto | Índice
GUERRA NA AMÉRICA
Procurado vivo ou morto
Reuters
![](../images/e1809012001.jpg) |
Osama bin Laden é apontado pelos EUA como o principal suspeito dos atentados da semana passada |
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Os EUA querem capturar Osama bin Laden "vivo ou morto",
mas esperam não "fazer mal" à
população afegã na caçada ao suspeito dos atentados que atingiram
Nova York e Washington.
O presidente George W. Bush
afirmou ontem que o país já tem
35 mil homens a postos para lutar
e que existe uma forte determinação militar. "Vamos defender a liberdade a qualquer custo. Não
permitiremos que nos aterrorizem", disse em visita ao Pentágono, onde se estima que 189 pessoas tenham morrido.
Indagado se os EUA preferem
matar Bin Laden ou levá-lo a julgamento, o presidente respondeu: "Quero Justiça. Havia no Velho Oeste um cartaz que dizia:
"Procurado: vivo ou morto'".
De acordo com o secretário de
Estado, Colin Powell, "todos os
caminhos" das investigações
apontam para Bin Laden, um líder de origem saudita que, acredita-se, vive refugiado no Afeganistão. "Com o passar das horas, dos
dias, fica claro que a Al Qaeda [rede comandada por Bin Laden" é a
principal suspeita."
Powell quer que o Taleban expulse o terrorista. "Eles deveriam
impedir que esses invasores coloquem sua sociedade em risco",
afirmou. "Está na hora de mandarem sua visita embora."
O secretário da Justiça, John
Ashcroft, voltou a pedir ao Congresso a aprovação de um pacote
de medidas que amplie os poderes da CIA para investigar atividades terroristas. Aschcroft também
anunciou que agentes do FBI serão utilizados na segurança de
vôos comerciais. "É possível que
auxiliares dos sequestradores
[dos aviões usados no ataque de
11 de setembro" continuem nos
Estados Unidos", disse.
Uma semana depois do maior
atentado da história, setores do
governo americano já baixam o
tom das ameaças.
Powell discordou publicamente
do subsecretário da Defesa, Paul
Wolfowitz, que prometera ação
dos EUA para eliminar não apenas organizações terroristas, mas
também seus "santuários" e os
"Estados" que lhes dão refúgio.
"O máximo que posso dizer é
que queremos eliminar o terrorismo", disse ontem o secretário de
Estado. Powell foi a primeira autoridade americana a demonstrar
preocupação com a perspectiva
de morte de civis em um ataque
ao Afeganistão. "Não queremos
fazer mal ao povo afegão. É gente
pobre, que sofre", afirmou.
Powell está encarregado de conseguir apoio internacional não só
à ofensiva contra o Taleban, mas
também, no longo prazo, para a
"guerra contra o terrorismo".
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, estará em Washington na quinta-feira. "Será uma visita importante nos esforços para
construir uma coalizão internacional forte", disse o porta-voz da
Casa Branca, Ari Fleischer.
Powell tem mantido contatos na
tentativa de convencer os países
árabes a apoiar as ações americanas. No entanto, fontes do Departamento de Estado informaram à
Folha que as reuniões dos EUA
com embaixadores árabes esbarram sempre no conflito entre israelenses e palestinos.
Os países árabes estariam condicionando seu envolvimento no
combate ao terrorismo à mudança de postura dos EUA no conflito. Ontem, Powell disse: "Temos
de fazer algo sobre a situação no
Oriente Médio, e gasto parte dos
meus dias tratando do assunto".
Próximo Texto: Missão acha difícil convencer Taleban Índice
|