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ORIENTE MÉDIO
Medida foi tomada após rumores de que o Iraque possa ser alvo de retaliação dos Estados Unidos
Israel distribui 9.000 máscaras contra gás
DA REDAÇÃO
Israel iniciou ontem as comemorações do Ano Novo judaico
com a intensificação de seus procedimentos de segurança. Há o
temor de que um ataque dos americanos -tradicionais aliados
dos israelenses- acirre a hostilidade de extremistas muçulmanos
contra Israel, frustrando também
a expectativa da Casa Branca de
obter respaldo no Oriente Médio.
Máscaras contra gás foram distribuídas para 9.000 pessoas em
23 postos montados pelo Exército
-em dias "normais", distribuem-se 2.000-, a polícia e os
serviços de segurança foram colocados em estado de alerta e foi reforçada a vigilância em terminais
de ônibus, mercados, centros comerciais e sinagogas.
As medidas foram tomadas
após informações de que o Iraque
poderia ser um alvo potencial de
eventuais retaliações americanas
aos atentados de terça-feira. O raciocínio por trás disso é que, incapaz de atingir os EUA, o ditador
iraquiano, Saddam Hussein, poderia reagir com bombardeios
contra seu maior aliado na região.
Para evitar uma escalada, o secretário de Estado dos EUA, Colin
Powell, declarou que havia conversado "longamente" com o premiê de Israel, Ariel Sharon, sobre
a possibilidade da retomada do
diálogo com os palestinos.
"Penso que devemos fazer alguma coisa em relação ao Oriente
Médio", disse Powell, que acrescentou ter dedicado "parte do
tempo para trabalhar nisso".
Sharon, por sua vez, afirmou
que seu país não deveria "pagar o
preço" de uma nova aproximação
entre a Casa Branca e o Oriente
Médio em nome de uma suposta
cruzada antiterror.
Nos últimos dias, Israel avançou
até o centro de algumas da principais cidades palestinas autônomas em retaliação a ataques. Sharon proibiu ainda que seu chanceler, Shimon Peres, se reunisse
com o líder palestino Iasser Arafat
-a cúpula, planejada há semanas
por diplomatas europeus e apoiada por Washington, tinha como
objetivo a discussão de um plano
de trégua gradual. O premiê condicionou o encontro a um cessar
total das hostilidades.
"Dei ordens estritas para um
cessar-fogo total e espero que o
governo de Israel responda a esse
apelo pela paz decidindo por uma
trégua", escreveu Arafat em uma
carta de Ano Novo que teria sido
enviada ao governo israelense.
Fontes da administração de Israel
disseram, contudo, que nenhuma
mensagem chegou.
A posição israelense levou os
países árabes a uma pressão
maior sobre os EUA, que, por sua
vez, desejam conseguir o apoio
dos governos da região a um
eventual ataque ao Afeganistão
ou a outro país de população majoritariamente muçulmana.
Os Emirados Árabes Unidos,
um dos principais aliados árabes
dos EUA no Oriente Médio, exortaram ontem os americanos a evitar o uso abusivo da força na reação aos atentados. O presidente
Zaid bin Sultan al Nahayan pediu
que o colega George W. Bush fosse "paciente" e obtivesse "provas
para que a resposta contra o terrorismo possa ganhar legitimidade internacional".
"A coalizão internacional contra o terrorismo deverá ser baseada em princípios que evitem dois
pesos e duas medidas", disse o xeque, que pediu intervenção americana para impedir "as ações terroristas de Israel nos territórios
palestinos ocupados".
Nos territórios palestinos, a violência continuava. Morreram um
palestino atingido por disparos de
soldados israelenses na faixa de
Gaza e outros dois que haviam sido feridos nos últimos dias. Ao
menos 580 palestinos e 167 israelenses foram mortos na nova Intifada, o levante palestino iniciado
em 28 de setembro, após o colapso das negociações.
Os principais itens das conversações de paz, baseados nos acordos de Oslo (Noruega, 1993),
eram a devolução aos palestinos
das terras ocupadas por Israel em
1967, o futuro dos refugiados, a situação das colônias e garantias de
segurança para os israelenses.
Com agências internacionais
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