São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Medida foi tomada após rumores de que o Iraque possa ser alvo de retaliação dos Estados Unidos

Israel distribui 9.000 máscaras contra gás

DA REDAÇÃO

Israel iniciou ontem as comemorações do Ano Novo judaico com a intensificação de seus procedimentos de segurança. Há o temor de que um ataque dos americanos -tradicionais aliados dos israelenses- acirre a hostilidade de extremistas muçulmanos contra Israel, frustrando também a expectativa da Casa Branca de obter respaldo no Oriente Médio.
Máscaras contra gás foram distribuídas para 9.000 pessoas em 23 postos montados pelo Exército -em dias "normais", distribuem-se 2.000-, a polícia e os serviços de segurança foram colocados em estado de alerta e foi reforçada a vigilância em terminais de ônibus, mercados, centros comerciais e sinagogas.
As medidas foram tomadas após informações de que o Iraque poderia ser um alvo potencial de eventuais retaliações americanas aos atentados de terça-feira. O raciocínio por trás disso é que, incapaz de atingir os EUA, o ditador iraquiano, Saddam Hussein, poderia reagir com bombardeios contra seu maior aliado na região.
Para evitar uma escalada, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, declarou que havia conversado "longamente" com o premiê de Israel, Ariel Sharon, sobre a possibilidade da retomada do diálogo com os palestinos.
"Penso que devemos fazer alguma coisa em relação ao Oriente Médio", disse Powell, que acrescentou ter dedicado "parte do tempo para trabalhar nisso".
Sharon, por sua vez, afirmou que seu país não deveria "pagar o preço" de uma nova aproximação entre a Casa Branca e o Oriente Médio em nome de uma suposta cruzada antiterror.
Nos últimos dias, Israel avançou até o centro de algumas da principais cidades palestinas autônomas em retaliação a ataques. Sharon proibiu ainda que seu chanceler, Shimon Peres, se reunisse com o líder palestino Iasser Arafat -a cúpula, planejada há semanas por diplomatas europeus e apoiada por Washington, tinha como objetivo a discussão de um plano de trégua gradual. O premiê condicionou o encontro a um cessar total das hostilidades.
"Dei ordens estritas para um cessar-fogo total e espero que o governo de Israel responda a esse apelo pela paz decidindo por uma trégua", escreveu Arafat em uma carta de Ano Novo que teria sido enviada ao governo israelense. Fontes da administração de Israel disseram, contudo, que nenhuma mensagem chegou.
A posição israelense levou os países árabes a uma pressão maior sobre os EUA, que, por sua vez, desejam conseguir o apoio dos governos da região a um eventual ataque ao Afeganistão ou a outro país de população majoritariamente muçulmana.
Os Emirados Árabes Unidos, um dos principais aliados árabes dos EUA no Oriente Médio, exortaram ontem os americanos a evitar o uso abusivo da força na reação aos atentados. O presidente Zaid bin Sultan al Nahayan pediu que o colega George W. Bush fosse "paciente" e obtivesse "provas para que a resposta contra o terrorismo possa ganhar legitimidade internacional".
"A coalizão internacional contra o terrorismo deverá ser baseada em princípios que evitem dois pesos e duas medidas", disse o xeque, que pediu intervenção americana para impedir "as ações terroristas de Israel nos territórios palestinos ocupados".
Nos territórios palestinos, a violência continuava. Morreram um palestino atingido por disparos de soldados israelenses na faixa de Gaza e outros dois que haviam sido feridos nos últimos dias. Ao menos 580 palestinos e 167 israelenses foram mortos na nova Intifada, o levante palestino iniciado em 28 de setembro, após o colapso das negociações.
Os principais itens das conversações de paz, baseados nos acordos de Oslo (Noruega, 1993), eram a devolução aos palestinos das terras ocupadas por Israel em 1967, o futuro dos refugiados, a situação das colônias e garantias de segurança para os israelenses.


Com agências internacionais


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