|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CENÁRIO
Afeganistão envia tropas para a fronteira
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
O Afeganistão enviou um arsenal de armas, incluindo mísseis
Scud (com um alcance de 300 km,
o suficiente para atingir Islamabad), e até 25 mil homens armados à fronteira com o Paquistão,
segundo um militar do país.
"Tememos que eles nos ataquem. Já estamos preparados, estamos preparados para defender
a pátria", afirmou o capitão paquistanês Abid Bahtti, falando
num posto de controle do Exército a 2,5 km da fronteira com o
Afeganistão.
Questionado se a situação se assemelhava a uma crise bélica,
Bahtti disse: "Definitivamente,
mas não é uma guerra declarada".
Afegãos que cruzaram a fronteira
disseram ter visto combatentes ligados ao grupo extremista islâmico Taleban, que controla quase
todo o país, cavando trincheiras
perto da fronteira.
Rashid Qureshi, porta-voz do
governo militar paquistanês, disse que o país não havia planejado
nenhuma grande ação com seus
soldados, que chegam a 500 mil,
porque não pôde confirmar a movimentação dos afegãos.
O Paquistão fechou sua fronteira de cerca de 1.400 km com o
Afeganistão, permitindo a passagem apenas de pessoas com documentos requisitados pelo país.
Segundo Bahtti, Islamabad já
havia reforçado a fronteira com
tropas devido aos crescentes sinais de que os EUA pretendem
atacar o Afeganistão devido ao refúgio que oferece a Osama bin Laden, principal suspeito dos ataques à Costa Leste dos EUA.
O líder do Taleban, o mulá Mohamad Omar, alertou os países vizinhos sobre o "extraordinário
perigo" ao qual estarão sujeitos se
cooperarem com os EUA.
Apesar disso, o presidente do
Paquistão, general Pervez Musharraf, ofereceu apoio aos EUA. O
governo de George W. Bush recebeu permissão para sobrevoar o
território paquistanês. Poderia
também deslocar uma força multinacional dentro de suas fronteiras, disseram fontes militares e diplomáticas paquistanesas no sábado. O Paquistão aceitou ainda
fechar sua fronteira com o Afeganistão e cooperar com informações estratégicas. Aumentam os
protestos nas ruas paquistanesas
contra a ajuda aos EUA.
O Afeganistão está a cerca de
1.600 km do oceano mais próximo, rodeado por países hostis aos
EUA, como o Irã, ou por Estados
que não estão acostumados a cooperar com militares norte-americanos, como o Paquistão e a Rússia. Vários países na região dispõem de armas nucleares.
"O Paquistão não tem opção.
Ele tem de manter sua posição
atual [de apoio aos EUA", pois ficar ao lado dos afegãos lhe traria
muitos riscos. A impressão geral é
que Musharraf pode controlar a
situação, mas o que não se sabe ao
certo é quão islamizados são os
militares e se o Exército vai se
manter unido", disse Steven Simon, especialista em terrorismo
do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
A Índia também ofereceu assistência aos EUA, incluindo o uso
de suas bases aéreas, para uma
provável ação militar dos EUA.
Diplomatas dizem ser improvável
que Washington precise das bases
indianas, mas o gesto do premiê
Atal Behari Vajpayee pode render
ganhos políticos no futuro.
O Taleban anunciou o fechamento do espaço aéreo do Afeganistão a todos vôos internacionais. "Por razões de segurança,
ante um possível ataque norte-americano, o espaço [aéreo" fica
fechado a todos os vôo", declarou
o ministro da Aviação Civil, Akhtar Mohamad Mansur.
Omar declarou que líderes religiosos de diferentes regiões do
país adotarão hoje uma decisão
sobre a crise provocada pela presença de Bin Laden no Afeganistão. "Amanhã [hoje", uma reunião de ulemás de cada província
acontecerá em Cabul e tomará
uma decisão sobre os recentes
episódios", declarou o mulá Mohamad a rádio Shariat, controlada
pelo Taleban.
Até ontem, apesar das sanções
ao Afeganistão, o Taleban se negava a entregar Bin Laden.
Grupos rebeldes, incluindo o de
Omar, disputaram o controle de
Cabul até o avanço do Taleban,
em 1996. As forças oposicionistas
foram sendo empurradas para o
nordeste. Atualmente, a aliança
oposicionista conta com entre 15
mil e 20 mil homens e controla
cerca de 5% do território afegão.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Na sala de aula: Suposto terrorista era "adorável", conta professor Próximo Texto: Relevo torna improvável vitória de americanos no território afegão Índice
|