São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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Pan - Rio 2007

Caracas - 1983

Improviso, que levou atletas a fazerem faxina para ficar na Vila Pan-Americana, e explosão dos casos de doping, com controle mais eficaz, marcam Jogos na Venezuela

DA REPORTAGEM LOCAL

Caracas ficaria na história como o Pan do doping. Pela primeira vez, uma máquina estava habilitada a flagrar drogas. Ao saber da notícia, 13 norte-americanos voltaram para casa. Em clima de Guerra Fria, a URSS usou a fuga como propaganda política.
Entre os que competiram, 19 foram pegos nos testes, 15 para esteróides anabólicos, a maioria no levantamento de peso.
No atletismo iniciava a carreira o jovem Ben Johnson, ainda imune ao doping, mas sem subir ao pódio em Caracas.
Distúrbios entre o governo da Venezuela e o Copan (comitê organizador) fizeram o Pan ser realizado sob o signo do improviso. O imbróglio começou quando o COV (Comitê Olímpico Venezuelano) excluiu sete dos oito representantes do governo no Copan alegando que não compareciam às reuniões.
Foi o estopim para a intervenção. A responsabilidade dos Jogos passou às mãos do poder público. As contendas acarretaram em atraso nas obras.
"Faltam partes que serão pintadas após a abertura do Pan. Estamos fazendo o possível para colocar a pista em condições mínimas para as provas de atletismo", admitia Rafael Galjom, engenheiro responsável pelo Estádio Olímpico.
A Vila Pan-Americana se revelou um caos. O nadador Ricardo Prado e os times de vôlei fugiram para hotéis. Os menos afortunados tiveram que fazer faxina. O COB comprou 60 litros de desinfetante e 120 vassouras e distribuiu aos atletas.
Nos primeiros dias, os apartamentos não tinham portas e armários. Também não havia água nem luz. A Vila alojou 4.500 pessoas de 36 países.
A desorganização teve contornos graves. Houve problema na divulgação de resultados em atletismo e natação. Anotação errada de pontos alterou o pódio de duas provas do tiro.
Nas águas brilhou o americano Steve Lundquist, com três títulos e dois recordes mundiais. Mas o mais premiado foi o cubano Casimiro Suárez, que levou seis ouros na ginástica.
O Brasil, por sua vez, brilhou na vela, liderando a classificação geral da modalidade, com quatro ouros e uma prata.
Destaque também teve o vôlei. A "geração de prata" do levantador Bernardinho ficou com o título que ainda falta no currículo da "geração de ouro" do treinador Bernardinho.


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