São Paulo, domingo, 19 de junho de 2011

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155 anos

Pesquisa destaca belle époque caipira

Estudiosa mostra como engenheiro da prefeitura trabalhou na construção de prédios com inspiração francesa

O Palácio Rio Branco, hoje sede do governo municipal, tem como uma das fontes o Hôtel-de-Ville, de Paris

Edson Silva/Folhapress
Vista do Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura de Ribeirão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


Ribeirão Preto já foi chamada de "Petit Paris" (pequena Paris, em francês) nas primeiras décadas do século 20. E foi um engenheiro municipal que, buscando modelos de civilização em grandes cidades brasileiras, em Paris e em Londres, deu à cidade um destaque especial durante a belle époque caipira.
O engenheiro em questão é Antônio Soares Romêo, que atuou durante a administração dos prefeitos Joaquim Macedo Bittencourt e João Rodrigues Guião, entre os anos de 1913 e 1923.
Ele tem, segundo a pesquisadora Elaine Cristina Caun, grande importância na formação urbanística da cidade.
Para a estudiosa, Romêo conseguiu caminhar entre o desenvolvimento de Ribeirão e os desejos da então elite cafeeira para a arquitetura de suas casas.
E foi por seu ecletismo que conseguiu o respeito das famílias tradicionais, como os Schmidt e os Junqueira, além do próprio Bittencourt.
A atuação de Romêo, que rapidamente se tornou membro da elite e adquiriu status de engenheiro municipal, é destacada por Elaine em sua dissertação de mestrado defendida na Unesp (Universidade Estadual Paulista), "O Engenheiro Antônio Soares Romêo e a Belle Époque em Ribeirão Preto (1913-1923)".
Segundo ela, depois da instalação da estrada de ferro da Mogiana, a cidade sentiu a necessidade de implantar um projeto de desenvolvimento urbano.
Em meio ao período de transformações, Ribeirão acabou se antecipando em relação às capitais: Elaine cita, por exemplo, a construção do Teatro Carlos Gomes, em 1897, financiada pelo coronel Francisco Schmidt, que se antecipou ao Theatro Municipal de São Paulo, de 1911.
Durante o período de atuação de Romêo, 1.500 vistos técnicos foram assinados na Diretoria de Obras da Prefeitura de Ribeirão, e 56 obras foram realizadas por ele, como engenheiro civil.
Entre elas estão o calçamento com paralelepípedos nas ruas centrais, o embelezamento da av. Jerônimo Gonçalves, o coreto da praça 15 de Novembro e até o Paço Municipal, sede da prefeitura.

INFLUÊNCIAS
De acordo com a pesquisa, o Palácio Rio Branco, que pretendia simbolizar a riqueza, a beleza e a prosperidade do café, pode ser apontado como um dos maiores exemplos da influência francesa no plano urbanístico de Ribeirão Preto.
As fontes de inspiração estão nos projetos arquitetônicos do Palácio Campos Elíseos, em São Paulo, baseado na Ópera Garnier, e o Hôtel-de-Ville, de Paris. Ambos os prédios com a função de prefeitura municipal.
Já entre as obras particulares destacam-se as reformas da Cia. Antarctica Paulista e do prédio do Banco Construtor, a edificação do Hotel Brasil e as casas do coronel José Martiniano da Silva e de Daniel Kujiswki.
"Romêo interveio parcialmente numa malha urbana em processo de transformação, desenhada desde o fim do século 19. Pressupõe-se, assim, uma revisão da cidade, princípio ordenador e remodelador dos espaços urbanos típicos do homem desse século", apontou a pesquisadora. (GABRIELA YAMADA)


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