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Taleban só entrega terrorista com prova
SAYED SALAHUDDIN
DA REUTERS, EM CABUL
O Taleban, grupo extremista
que controla quase todo o Afeganistão, não descarta a possibilidade de que Osama bin Laden tenha
orquestrado os ataques da semana passada ao World Trade Center e ao Pentágono, mas exige
provas para entregar o terrorista
aos Estados Unidos.
"Não estaremos do lado de
quem quer que seja responsável
por esse ato, Osama ou outro",
disse ontem o ministro da Informação, Qudrutullah Jamal, admitindo, pela primeira vez, que Bin
Laden pode estar envolvido com
os atentados.
Poucas horas antes das declarações de Jamal, a delegação paquistanesa que passou dois dias no
Afeganistão para convencer o Taleban a extraditar Bin Laden foi
embora do país. A missão deixou
a mensagem de que essa seria a
única maneira de evitar um ataque dos EUA ao território afegão.
"Dissemos às autoridades paquistanesas que precisamos de
provas de que ele é o responsável;
sem elas, não podemos entregá-lo", afirmou o ministro.
Questionado sobre outras condições impostas pelo Taleban para entregar Bin Laden, Jamal disse
que o grupo quer garantias de
que, se for acusado formalmente,
o milionário saudita será julgado
em país neutro.
"Queremos primeiro as provas
e já dizemos isso há dois anos",
declarou. Foi uma referência a pedidos semelhantes feitos pelos
EUA depois dos atentados de
1998 às embaixadas americanas
no Quênia e na Tanzânia.
"Os afegãos têm sido alvo da
mesma forma de sofrimento há
anos e podem entender os americanos", disse Jamal, em alusão às
duas décadas de guerra que o país
atravessou. "Exortamos o governo dos EUA a não tomar nenhuma decisão precipitada."
O futuro de Bin Laden depende,
em parte, de uma reunião dos religiosos do Conselho de Sábios. O
encontro deve ocorrer hoje.
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