São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2001

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COOPERAÇÃO

Bush retorna ligação de FHC

Brasil vai enfatizar ataque à xenofobia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente norte-americano George W. Bush disse ontem a Fernando Henrique Cardoso estar diante de novo tipo de guerra, no qual é difícil definir o campo de batalha e que exige crescente cooperação internacional.
No telefonema, que durou 15 minutos, não houve menção a apoio militar. Segundo o Planalto, Bush estava descontraído e elogiou a posição de liderança do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos).
Logo após a conversa, FHC insistiu no ataque à xenofobia e a conclusões precipitadas sobre a autoria dos atentados aos EUA.
FHC fez um breve discurso na Embaixada dos Estados Unidos, onde foi assinar o livro de condolências. Sobre o telefonema -em resposta a uma ligação feita no dia 11, data dos atentados- FHC afirmou que os Estados Unidos compreendem que "essa guerra é muito especial porque não é contra um povo, não é contra uma religião, não é sequer, pelo menos até agora, contra um Estado, é contra uma rede [de terroristas"".
Ontem à noite, na Abertura da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, FHC disse que os atentados terroristas nos EUA podem gerar a revisão da "ordem assimétrica internacional", processo no qual o Brasil pode assumir um papel mais ativo.

Olho por olho
Em ato de solidariedade às vítimas dos atentados, o ministro da Justiça, José Gregori, disse que uma retaliação militar dos EUA contra o Afeganistão seria uma resposta inspirada em uma concepção "antiga e bárbara", a lei do "olho por olho, dente por dente".
"A justiça veio ao mundo para substituir a concepção antiga e bárbara do olho por olho, dente por dente. Acho que a lei e a justiça oferecem a possibilidade de punição severa e implacável aos autores de terrorismo."
Mais tarde, a assessoria do ministro informou que suas declarações não representam a posição oficial do governo.
Para o ministro, os atentados da semana passada requerem atenções redobradas no Brasil, apesar de a Polícia Federal afirmar que não encontrou nenhum indício de atividade terrorista no país.

Campanha
Em meio ao clima de guerra contra o terrorismo, o Ministério da Justiça pretende veicular uma campanha na televisão para incentivar a tolerância.
O assunto foi discutido ontem na Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e conta com o apoio da Presidência da República.
Conforme a Folha apurou, o comercial deve durar 60 segundos e não mencionará grupos específicos, apesar de a ação estar sendo tomada por causa do risco de uma onda antiárabe e anti-islâmica após os atentados.
Hoje, Gregori se reunirá com os ministros Alberto Cardoso (Segurança Institucional) e Ramez Tebet (Integração Nacional) e integrantes da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública para discutir a organização da defesa civil no Brasil, que ainda não existe em alguns Estados.
Ele espera conseguir novas verbas para o ministério, caso sejam detectadas "necessidades". Os recursos destinados à segurança pública já estão comprometidos.
No ato de ontem, funcionários de todos os escalões do ministério leram artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.


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