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COOPERAÇÃO
Bush retorna ligação de FHC
Brasil vai enfatizar ataque à xenofobia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente norte-americano
George W. Bush disse ontem a
Fernando Henrique Cardoso estar diante de novo tipo de guerra,
no qual é difícil definir o campo
de batalha e que exige crescente
cooperação internacional.
No telefonema, que durou 15
minutos, não houve menção a
apoio militar. Segundo o Planalto,
Bush estava descontraído e elogiou a posição de liderança do
Brasil na OEA (Organização dos
Estados Americanos).
Logo após a conversa, FHC insistiu no ataque à xenofobia e a
conclusões precipitadas sobre a
autoria dos atentados aos EUA.
FHC fez um breve discurso na
Embaixada dos Estados Unidos,
onde foi assinar o livro de condolências. Sobre o telefonema -em
resposta a uma ligação feita no dia
11, data dos atentados- FHC
afirmou que os Estados Unidos
compreendem que "essa guerra é
muito especial porque não é contra um povo, não é contra uma religião, não é sequer, pelo menos
até agora, contra um Estado, é
contra uma rede [de terroristas"".
Ontem à noite, na Abertura da
Conferência Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação, FHC disse
que os atentados terroristas nos
EUA podem gerar a revisão da
"ordem assimétrica internacional", processo no qual o Brasil pode assumir um papel mais ativo.
Olho por olho
Em ato de solidariedade às vítimas dos atentados, o ministro da
Justiça, José Gregori, disse que
uma retaliação militar dos EUA
contra o Afeganistão seria uma
resposta inspirada em uma concepção "antiga e bárbara", a lei do
"olho por olho, dente por dente".
"A justiça veio ao mundo para
substituir a concepção antiga e
bárbara do olho por olho, dente
por dente. Acho que a lei e a justiça oferecem a possibilidade de
punição severa e implacável aos
autores de terrorismo."
Mais tarde, a assessoria do ministro informou que suas declarações não representam a posição
oficial do governo.
Para o ministro, os atentados da
semana passada requerem atenções redobradas no Brasil, apesar
de a Polícia Federal afirmar que
não encontrou nenhum indício
de atividade terrorista no país.
Campanha
Em meio ao clima de guerra
contra o terrorismo, o Ministério
da Justiça pretende veicular uma
campanha na televisão para incentivar a tolerância.
O assunto foi discutido ontem
na Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e conta com o apoio
da Presidência da República.
Conforme a Folha apurou, o comercial deve durar 60 segundos e
não mencionará grupos específicos, apesar de a ação estar sendo
tomada por causa do risco de
uma onda antiárabe e anti-islâmica após os atentados.
Hoje, Gregori se reunirá com os
ministros Alberto Cardoso (Segurança Institucional) e Ramez Tebet (Integração Nacional) e integrantes da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública para discutir a organização da defesa civil no Brasil, que ainda não
existe em alguns Estados.
Ele espera conseguir novas verbas para o ministério, caso sejam
detectadas "necessidades". Os recursos destinados à segurança
pública já estão comprometidos.
No ato de ontem, funcionários
de todos os escalões do ministério
leram artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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