São Paulo, domingo, 20 de setembro de 1998

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Sozinha, mãe passa o dia dizendo "não'

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

Agora que os dois filhos estão mais velhos, Maria Madalena Ionescu, 40, consegue descansar um pouco aos domingos. "Quando eles eram menores, eu fazia mais coisas. Era mais cansativo. Hoje, eles são mais independentes."
Madalena perdeu o marido há sete anos. "Com parceiro, a gente divide as coisas. Por mais que mãe seja mãe, fica mais fácil a divisão de tarefas, inclusive a comunicação com os filhos."
Produtora de cinema -das 8h da manhã às 18h, 19h, no mínimo-, Madalena é pai e mãe. "Se eu pudesse, trabalhava menos e ficava mais com os filhos. Mas não dá, tem a escola..."
É aos finais de semana, especialmente aos domingos, que Madalena pode ficar um pouco mais com os filhos. "No sábado, a gente fica comprando coisas."
O domingo em que a Folha acompanhou a família começou mais cedo do que o habitual: 8h30. Felipe, 12, o filho mais velho, ia participar do Evento de Arte, Ciência e Tecnologia promovido por seu colégio, a Escola da Vila.
Helena, 10, que tanto a mãe como ela mesma definem como "a desportista", estava desde quarta com um dedo inchado, por causa de um jogo de handebol.
O dia já estava planejado: deixar Felipe na escola, ir com Helena ao hospital para tirar uma radiografia e voltar para ver o trabalho do Felipe. Depois, talvez, descanso.
- Vamos tomar banho?
E Helena sobe para o banho.
- Já são dez e meia, Felipe.
- Mãe, eu sei.
Café e banho tomados, a família parte. Felipe fica na escola, Madalena e Helena seguem para o Hospital Universitário. "Domingo, a essa hora (11h15) é bom para qualquer coisa, supermercado, hospital, vai tudo mais rápido."
Uma hora e quinze depois, para decepção de Helena, o médico diz que não precisa engessar. "Missão cumprida", diz Madalena.
- Mãe, compra chiclete?
- Não, chiclete não. Já estou dando sorvete.
As duas seguem para a escola. Madalena assiste à demonstração de Felipe sobre a maquete de uma cidade que ele construiu. Deixa os filhos e vai para casa almoçar e, quem sabe, descansar. Mas mal dá tempo. Às 15h30, a filha liga para ir buscar. "Você fica meio de motorista e caixa registradora", diz.
As crianças levam dois amigos e videogames para casa. Madalena finalmente descansa. À noite, mãe e filha arrumam a cozinha. Depois da pizza, fazem a lição de casa, assistem TV e, às 22h30, dormem.



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