DA REDAÇÃO

Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Dornelles Vargas assumiu o poder como chefe do governo provisório instaurado pela Revolução. Sua biografia, porém, lembrava mais a trajetória de um velho político oligárquico do que a de um líder revolucionário. Natural de São Borja (RS), Vargas pertencia a uma família de estancieiros. Seu pai, herói da Guerra do Paraguai, chefiava o Partido Republicano na cidade. Vargas nasceu em 19 de abril de 1882, mas alterou o ano de nascimento para 1883 quando entrou no curso de direito, em Porto Alegre. Logo se destacou na juventude republicana. Com o apoio do caudilho Borges de Medeiros, foi eleito deputado estadual.
Na Assembléia, revelou-se um político conciliador, obtendo aplausos até da oposição. Na Câmara dos Deputados, apoiou a eleição de Washington Luís para presidente, que o nomeou ministro da Fazenda em 1926. No cargo, implementou uma política cambial que favorecia os setores exportadores e protegia a indústria nacional. Em 1927, Borges de Medeiros o indicou ao governo gaúcho exatamente por seu perfil conciliador. Eleito, ele uniu politicamente o Estado. Criou um banco estatal para oferecer crédito aos fazendeiros, investiu em ferrovias e portos.
Em 1928, Washington Luís decidiu fazer do governador paulista Júlio Prestes o seu sucessor. Preterido, o governador mineiro Antônio Carlos de Andrada lançou Vargas à Presidência, com João Pessoa (PB) como vice. Pressentindo a derrota, em 1929 assessores de Vargas iniciaram contatos com os tenentes que desde 1922 vinham tentando derrubar o governo. Vargas mantinha uma atitude reticente em relação à conspiração e, após a vitória de Prestes, buscou uma recomposição com Washington Luís.
Em 26 de julho de 1930, contudo, João Pessoa foi morto por razões pessoais. O crime provocou comoção nacional, e a culpa recaiu sobre o presidente. Os tenentes deflagraram a Revolução em 3 de outubro, e um grupo de generais depôs o governo. No início, Vargas parecia apenas representar a troca de uma oligarquia por outra. Em pouco tempo, porém, ele desmontou a estrutura política da República Velha.


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