São Paulo, sábado, 22 de agosto de 1998

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Pesquisa sofre crítica de médico

da Equipe de Trainees

Existem especialistas que questionam os estudos que responsabilizam o estresse contínuo por lesões cerebrais.
"O cortisol liberado diante de uma situação de estresse é, na verdade, um mecanismo de defesa", diz o professor titular e chefe do Departamento de Psiquiatria da USP, Wagner Farid Gattaz.
O psiquiatra afirma que, se a substância causasse lesões, a humanidade teria inúmeros casos de disfunções cerebrais ao longo de sua história.
"A única coisa realmente comprovada sobre os efeitos do cortisol no cérebro é que, quando seu nível aumenta muito, o indíviduo pode enfrentar uma mudança de ânimo, ficando depressivo."
O estresse não é o único fator responsável pelo aumento do cortisol. Indivíduos que ficam muito tempo sem comer ou sem dormir também experimentam um crescimento no nível desse hormônio.
A mídia e a sociedade supervalorizam o estresse atualmente, diz Gattaz. Para o especialista, o estresse "faz parte da existência humana, sempre existiu e sempre vai existir".
"O estresse não é a doença do século 21, como ficou conhecido", diz. "Há cem anos o homem era mais estressado do que hoje".
Gattaz explica sua tese: o estresse de uma pessoa é muito mais intenso quando ela se vê numa situação em que sua existência está ameaçada, como era mais comum no século passado.
"Contrair uma doença incurável é uma das situações mais estressantes que existem, e o número de doenças incuráveis era muito maior quando a medicina não era tão avançada."



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