São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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Violência é uma preocupação central na região mais rica

Falta de segurança, a grande vilã do Sudeste , deve ser combatida com policiamento comunitário, políticas articuladas e dedicação exclusiva do policial, apontam especialistas; questões políticas e corporativas atrapalham

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

A violência é o principal problema para os moradores dos Estados do Rio e de São Paulo (em empate técnico com saúde) e o terceiro para os mineiros, segundo pesquisa Datafolha.
Mas a experiência mais festejada recentemente na área de segurança -as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), sucesso entre os cariocas e promessa de campanha da petista Dilma Rousseff (PT) -pode não ser a solução para todos os problemas, dizem especialistas.
Para a ex-secretária Nacional de Segurança Pública Jaqueline Muniz, os governos precisam incentivar de forma mais incisiva o policiamento comunitário e a reaproximação entre as forças de segurança e a população.
"A filosofia comunitária já está presente no país. No entanto, depende de aportes de recursos para que as experiências se multipliquem. O distanciamento da população faz com que a polícia perca legitimidade", diz ela.
As UPPs, diz, são adequadas apenas em casos específicos de grupos armados com controle de território.
Para o sociólogo José dos Reis Santos Filho, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência e Políticas Alternativas da Unesp de Araraquara, a política de segurança mais eficaz deve obrigatoriamente contemplar a articulação entre as polícias, articulada pelo governo federal.
"O Brasil tem um conjunto de problemas que depende da elaboração de um plano nacional de combate à criminalidade que seja aceito de forma federativa. Só se consegue estabelecer alguns critérios e atacar as prioridades em conjunto", afirma.
A coordenação, porém, é um desafio porque esbarra em problemas como divergências políticas e reações corporativas -como a histórica rivalidade entre as polícias civis e militares.
Na avaliação do sociólogo Ignácio Cano, para melhorar o desempenho dos policiais os Estados precisam exigir dedicação exclusiva à profissão, eliminando por exemplo os bicos, e oferecendo melhores salários.
"Um salário melhor não garante redução na corrupção, mas ajuda a selecionar pessoas mais qualificadas."
Muniz afirma, porém, que o aumento no salário de policiais exige "repactuação federativa". Para ela, o governo federal deve assumir parte do custeio dos Estados no setor, inclusive no apoio ao pagamento dos agentes.
No Rio, 36% dos entrevistados pelo Datafolha apontaram a falta de segurança como o maior problema. Saúde veio em seguida, com 26% das citações.
Em São Paulo, a violência foi apontada por 22%. Outros 24% responderam saúde.


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