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Violência é uma preocupação central na região mais rica
Falta de segurança, a grande vilã do Sudeste , deve ser combatida com policiamento comunitário, políticas articuladas e dedicação exclusiva do policial, apontam especialistas; questões políticas e corporativas atrapalham
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
A violência é o principal
problema para os moradores
dos Estados do Rio e de São
Paulo (em empate técnico
com saúde) e o terceiro para
os mineiros, segundo pesquisa Datafolha.
Mas a experiência mais
festejada recentemente na
área de segurança -as UPPs
(Unidades de Polícia Pacificadora), sucesso entre os cariocas e promessa de campanha da petista Dilma Rousseff (PT) -pode não ser a solução para todos os problemas, dizem especialistas.
Para a ex-secretária Nacional de Segurança Pública Jaqueline Muniz, os governos
precisam incentivar de forma
mais incisiva o policiamento
comunitário e a reaproximação entre as forças de segurança e a população.
"A filosofia comunitária já
está presente no país. No entanto, depende de aportes de
recursos para que as experiências se multipliquem. O
distanciamento da população faz com que a polícia perca legitimidade", diz ela.
As UPPs, diz, são adequadas apenas em casos específicos de grupos armados com
controle de território.
Para o sociólogo José dos
Reis Santos Filho, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência e
Políticas Alternativas da
Unesp de Araraquara, a política de segurança mais eficaz
deve obrigatoriamente contemplar a articulação entre
as polícias, articulada pelo
governo federal.
"O Brasil tem um conjunto
de problemas que depende
da elaboração de um plano
nacional de combate à criminalidade que seja aceito de
forma federativa. Só se consegue estabelecer alguns critérios e atacar as prioridades
em conjunto", afirma.
A coordenação, porém, é
um desafio porque esbarra
em problemas como divergências políticas e reações
corporativas -como a histórica rivalidade entre as polícias civis e militares.
Na avaliação do sociólogo
Ignácio Cano, para melhorar
o desempenho dos policiais
os Estados precisam exigir
dedicação exclusiva à profissão, eliminando por exemplo
os bicos, e oferecendo melhores salários.
"Um salário melhor não
garante redução na corrupção, mas ajuda a selecionar
pessoas mais qualificadas."
Muniz afirma, porém, que
o aumento no salário de policiais exige "repactuação federativa". Para ela, o governo federal deve assumir parte do custeio dos Estados no
setor, inclusive no apoio ao
pagamento dos agentes.
No Rio, 36% dos entrevistados pelo Datafolha apontaram a falta de segurança como o maior problema. Saúde
veio em seguida, com 26%
das citações.
Em São Paulo, a violência
foi apontada por 22%. Outros
24% responderam saúde.
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