São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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Parque põe à prova carro e pernas

Serra da Canastra abriga quedas-d'água de acesso trabalhoso por vias de terra e trilhas

ANDREA MIRAMONTES
ENVIADA ESPECIAL À SERRA DA CANASTRA

Se você pretende ir para a região do Parque Nacional da Serra da Canastra (548 km de São Paulo), em Minas Gerais, prepare-se para sacudir nas estradas de terra que ligam as atrações do local.
Isso não desanima os visitantes. Já no café da manhã servido pela pousada, a conversa, entre um pão de queijo e outro, é sobre qual cachoeira visitar naquele dia. A região é cercada por quedas-d'água e fica até difícil escolher para qual ir, pois cada passeio dura de três a quatro horas.
Todas ficam a, no mínimo, cinco quilômetros de São Roque de Minas, uma das cidades a que pertence o parque. Muitas quedas-d'água põem à prova a preparação física do visitante.
Há trilhas que exigem até três horas de caminhada difícil, como a visita ao Poço das Orquídeas -onde uma cascata deságua numa piscina natural, rodeada de árvores forradas de orquídeas.
Mesmo nas trilhas de fácil a média complexidade, há quem pare no meio do caminho. "Minha pressão caiu e tive de descansar", conta a estudante de direito Giselle Cristina Dassan, 20, durante o percurso para a cachoeira do Nêgo, que fica a oito quilômetros de São Roque, percorridos de carro, e mais 40 minutos de trilha.
De mais fácil acesso, a cachoeira do Cerradão é um dos locais onde se praticam esportes radicais. Pode-se optar pelo rapel (descida com cordas) ou pela tirolesa (travessia sobre a água, de um ponto a outro da margem, sentado sobre um apoio de tiras especiais). Mesmo quem nunca se imaginou pendurado nas cordas pode, depois do treinamento, praticar.

Domingo no parque
Reserve um dia inteiro para visitar o parque nacional. A estrada em seu interior também é bastante precária, e em alguns pontos é preciso andar bem abaixo dos 40 quilômetros por hora, velocidade recomendada pelas placas.
Um local de visita obrigatória é a Casca d'Anta, primeira queda-d'água do rio São Francisco. O "Velho Chico" tem sua nascente dentro do parque (outro ponto turístico), antes de percorrer mais quatro Estados: Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Há duas formas de ver a cachoeira: a pé ou de carro. Pela primeira opção, o turista vai até a parte alta (38 km de São Roque de Minas) e faz a trilha (considerada bastante difícil) a pé. Dura uma hora e meia. Quem não quer gastar a sola do tênis pode dar a volta por Vargem Bonita, município vizinho. São 35,5 quilômetros (de terra) de São Roque até lá.
Apesar do charme dos 186 metros de queda da Casca d'Anta, ela não é a preferida, e cada um se apaixona por uma cachoeira.
Quando a reportagem pensou ter terminado a apuração, um morador local conta sobre outra queda-d'água "imperdível".
E lá vai o Peugeot 307 sacolejar na estrada de terra a fim de levar a reportagem da Folha para registrar mais uma cachoeira, que, mesmo tendo o igual aspecto rochoso e água cristalina, é dona de uma beleza singular e indescritível, só revelada a quem a visita.

Para chegar lá
Durante todo o percurso, há postos de gasolina para apoiar o turista. Quem quer um lugar para comer, ou comprar doces e queijos típicos, tem como uma opção o posto Iguatemi, localizado na beira da estrada, nas proximidades da cidade de Itaú de Minas.
Durante os trechos dentro do Estado de São Paulo, a maior parte das pistas está duplicada. A partir de Minas Gerais, as vias passam a ser simples, e entre Piumhi e São Roque de Minas -na reta final da viagem- há 32 quilômetros de terra.


Andrea Miramontes viajou em um carro cedido pela Peugeot


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