São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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Estique as pernas a cada 2 horas

Segundo especialistas, paradas de 30 minutos ajudam motorista a manter a concentração

DA REDAÇÃO

Parece que foi combinado. Médicos, psicólogos e instrutores de direção defensiva afirmam que, em viagens longas, não se deve passar mais do que duas horas seguidas ao volante. É necessário intercalar a direção com paradas de, ao menos, 20 minutos cada uma.
Para cumprir essa regra, planejar é essencial. Isso significa conhecer bem, sobretudo, os pontos para possíveis paradas. "O espírito de aventura deve ser substituído pelo de segurança", pondera o médico de tráfego Alberto Francisco Sabbag, 48, secretário-geral da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
A perda da concentração é a maior inimiga da viagem segura. "O grande perigo é se desligar do ambiente e acabar dormindo na direção." Segundo Sabbag, o sono é a segunda maior causa de acidentes fatais, com 30% das ocorrências. A primeira é o consumo de bebidas alcoólicas (50%).
Uma dica do instrutor de pilotagem e direção defensiva Luiz Fonseca, 43, é parar a cada meio tanque de combustível consumido. "Aproveitar cada duas paradas para abastecer ajuda a ativar a circulação. Qualquer andada já é benéfica. Se puder fazer alguns alongamentos, melhor ainda."
"Além de problemas de varizes, provocados pela falta de circulação, pode haver outros, nas partes óssea e intestinal", afirma o médico do trabalho e acupunturista Gustavo Marcelo Vinent, 41.

Contemplar a paisagem
"Aproveite para apreciar a paisagem, os pontos turísticos", sugere o clínico-geral, que recomenda, ainda, valer-se dos intervalos para comer alimentos leves, como frutas e um copo de suco ou leite.
"É preciso evitar refeições pesadas, comendo um pouco por vez", diz Alberto Sabbag, da Abramet. "No Brasil, as pessoas têm o hábito de fazer grandes almoços, o que em viagem é perigoso, pois provoca sonolência."
Duas horas é uma média. A resistência varia de pessoa para pessoa. "Quem pensa que parar cinco minutos para um café faz a concentração voltar está enganado", sentencia a psicóloga Cecilia Bellina, 42, especializada em comportamento de motoristas.
Outro fator que contribui para aumentar a qualidade de vida durante o trajeto é encará-lo como parte do programa. "Você não pode pensar que o lazer só começa quando você chega ao destino. A viagem deve fazer parte do descanso, não ser motivo de estresse", sugere Bellina. "Caso contrário, seria melhor ficar em casa."
Segundo a psicóloga, mesmo uma viagem que tem tudo para ser cansativa -aquela em que se vai e volta no mesmo dia- torna-se prazerosa se bem aproveitada.

Kombi x sedã de luxo
Mas não só as famosas "paradinhas" influem para que o motorista chegue "inteiro". Onze vezes campeão na categoria stock car, o piloto Ingo Hoffmann, 49, defende que o posicionamento correto do motorista é a chave para que uma viagem termine bem.
Mãos no volante na posição "15 para as três", distância do banco de forma a deixar os joelhos flexionados e cabeça a quatro dedos do teto do carro são suas dicas. "Tudo isso é fundamental para manter um bom domínio do carro o tempo todo", afirma.
De acordo com o piloto, é preciso perder alguns vícios que se adquirem no início da "carreira" de qualquer motorista. Um deles é dirigir "deitado", com as pernas totalmente esticadas.
A regra de parar a cada duas horas, para Hoffmann, varia de acordo com outros fatores de estresse: tipo e condições da estrada, condições do tempo e se o automóvel é luxuoso ou não.
Dirigir um sedã de luxo, diz, "é bem menos cansativo do que uma Kombi". Mesmo com as paradas, ele conclui: "Ninguém guia, com segurança, mais do que 12 horas por dia". (LUÍS PEREZ)


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