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APELO
"Imploro a Deus que mantenha a paz", diz ele no Cazaquistão, perto do Afeganistão
Em zona de risco, papa implora paz
DA REDAÇÃO
O papa João Paulo 2º fez ontem
um apelo dramático contra a
guerra e disse temer um aprofundamento ainda maior das divisões religiosas no mundo.
"Com todo o meu coração, eu
imploro a Deus que mantenha o
mundo em paz", afirmou o líder
católico ao final de uma missa para cerca de 50 mil pessoas no Cazaquistão, país próximo ao Afeganistão que pode ser envolvido em
uma eventual crise regional se os
EUA lançarem uma operação militar contra o grupo extremista islâmico Taleban.
Apesar do perigo, o papa decidiu manter a viagem para mostrar
sua determinação em promover
um diálogo inter-religioso. Em
maio passado, ele foi o primeiro
líder católico a entrar em uma
mesquita, em Damasco (capital
da Síria). A viagem fez parte de
uma peregrinação a locais sagrados para o cristianismo e de sua
campanha de reaproximação religiosa no Oriente Médio.
Ao chegar ao Cazaquistão, anteontem, o papa disse que todas
as controvérsias deveriam ser resolvidas por meio de negociações,
não pelo uso de armas.
A polícia montou um esquema
de segurança especial no local onde foi realizada a missa, usando
detectores de metal e revistando
várias pessoas.
"Não devemos permitir que o
que aconteceu provoque um
aprofundamento das divisões. A
religião nunca deve ser usada como motivo para um conflito",
afirmou João Paulo 2º, 81, referindo-se a tensões em alguns países
de maioria islâmica após os atentados em Nova York e nos arredores de Washington.
Enquanto o papa fazia seu apelo
em inglês no Cazaquistão, ex-república soviética da Ásia central
de maioria muçulmana, os EUA
continuavam a fortalecer suas
forças na região em torno do Afeganistão, onde provavelmente se
encontra o terrorista saudita Osama bin Laden, suspeito de envolvimento nos ataques do dia 11.
"Quero fazer um chamado a todos, cristãos e adeptos de outras
religiões, para que trabalhemos
juntos a fim de construir um
mundo sem violência, um mundo
que ame a vida e cresça em justiça
e solidariedade", disse o líder da
Igreja Católica.
Coalizão internacional
Poucas horas após o discurso, o
presidente Nursultan Nazarbayev
disse ao papa que seu país estava
pronto para integrar uma coalizão internacional contra o terrorismo.
"O Cazaquistão se manifestou
de forma decidida contra o terrorismo e está disposto, em uma
coalizão que inclua outros Estados, a combater isso porque nós
acreditamos que um único país,
não importa quão grande seja,
não pode derrotar o terrorismo
sozinho", afirmou Nazarbayev.
Em seu discurso, o papa disse
que o Cazaquistão, país majoritariamente islâmico que possui
uma pequena comunidade católica (2% da população), é um
exemplo de harmonia religiosa.
No sermão, o papa homenageou vítimas do regime soviético.
Mais de 2 milhões de pessoas,
principalmente alemães, poloneses e ucranianos, foram deportadas para o Cazaquistão durante o
regime de Joseph Stálin.
Armênia
O papa inicia amanhã uma visita à Armênia, país de maioria cristã ortodoxa. Após as intensas críticas do patriarcado de Moscou,
em junho, à visita que João Paulo
2º fez à Ucrânia, considerada "território canônico" russo, a viagem
à Armênia é mais uma demonstração da possibilidade de relações ecumênicas harmoniosas
entre Roma e ortodoxos.
Segundo o Vaticano, não se trata de uma visita "pastoral", mas
ecumênica. O papa deve se pronunciar sobre a controvérsia em
torno do genocídio armênio, rejeitado pelo governo da Turquia.
Com agências internacionais
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