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SP 450
PERMANÊNCIA DO MEDO
A falta de segurança continua sendo o principal foco de preocupação de quem vive em São Paulo: é apontada como a primeira idéia que surge na cabeça e a maior desvantagem para quem enfrenta o cotidiano da metrópole
Cidadão aponta a violência como 1º problema
DA REPORTAGEM LOCAL
Violência nas ruas, assaltos, crimes, falta de segurança, medo de
bandidos, outras violências.
Essas foram as principais respostas dadas pelo paulistano ao
pesquisador do Datafolha que
perguntou: "Qual a primeira coisa
que lhe vem à cabeça quando você
pensa na cidade de São Paulo?".
As respostas fazem parte de um
agrupamento realizado pelo instituto de pesquisa sob a identificação "aspectos negativos da cidade", que correspondeu a 55% das
respostas, ou seja, à maioria absoluta delas. Não só fazem parte como se destacam: mais de um
quarto das respostas (27%) se referem à falta de segurança como
primeira coisa que é lembrada a
respeito de São Paulo.
Mas o reflexo da criminalidade
no imaginário ou no cotidiano
das pessoas não pára por aí. Esse é
também o item mais citado quando a questão é a principal desvantagem de morar na cidade.
Há, porém, dois pontos a serem
observados aqui, um "a favor"
outro "contra".
"Contra": desde 1997, quando o
Datafolha fez as mesmas perguntas pela primeira vez, a violência é
a lembrança mais imediata do
paulistano e também apontada
como a maior desvantagem.
"A favor": houve uma queda no
índice da violência como primeira lembrança que surge na cabeça:
era de 17% em 97, subiu para 29%
em 2000, para 33% em 2001 e desceu agora para 27%.
Obviamente não é apenas a falta
de segurança que incomoda o
paulistano, e a pesquisa do Datafolha deixa bem claro isso, a rigor
revelando um paradoxo: se nas
respostas que se referem aos aspectos positivos da cidade as
oportunidades de trabalho aparecem em primeiro lugar (leia nas
páginas 2 e 3), o desemprego é o
segundo item que vem à lembrança dos entrevistados, da mesma
forma que surge logo em seguida
da violência no quesito principal
desvantagem da cidade.
E mais uma vez há pontos que
devem ser notados. Se em 1997 o
desemprego como primeira idéia
atingia 5%, em 2000 saltou para
13%. A seguir, foi a 10% em 2001,
caindo agora para os 8% assinalados pelo Datafolha.
Na trajetória oposta, observa-se
que, em 1997, 8% disseram que o
desemprego era a maior desvantagem de São Paulo, em 2000 esse
número subiu para 11% (não houve pesquisa sobre a questão em
2001) e em 2003 o índice atinge
14%, o maior de toda a série.
Os demais itens apontados pelo
paulistano como primeira lembrança foram: trânsito (3%, o
mesmo percentual da pesquisa
anterior) e problemas ambientais/poluição (3%, 9 pontos a menos que no último levantamento,
de 2001). Sobre as outras desvantagens da cidade relatadas pelos
moradores, os números são os seguintes pela ordem: poluição
(6%), trânsito (5%), custo de vida
alto (4%), superpopulação (2%),
transporte coletivo deficiente
(2%) e falta de moradia (1%).
Deram respostas variadas a esta
questão (poluição sonora, correria, pobreza, estresse etc), 14%,
8% não souberam responder e
5% responderam que não há nenhuma desvantagem em morar
na cidade.
O tema violência, ou falta de segurança, ainda não pode ser
abandonado, no entanto, porque
ele está ligado a duas outras questões apresentadas pelo Datafolha,
uma relativa aos hábitos noturnos
dos moradores, outra sobre qual
presente o paulistano gostaria de
dar para São Paulo.
Quanto à vida noturna, a maioria dos habitantes (48%) continua
afirmando, assim como o fez em
nove pesquisas anteriores, que
evita locais, ruas ou pessoas da vizinhança quando resolve passear
pelas cercanias de sua casa depois
do anoitecer.
Esse é o menor patamar de todas as pesquisas, sendo que o
mais baixo fora registrado, anteriormente, em 1999 e 2000 (56%).
Em contrapartida, aumentou
muito o índice daqueles que afirmaram que simplesmente não
saem mais para passear depois
que o dia termina: quase triplicou,
passando dos 5% em 2002 para
surpreendentes 14% agora.
Com relação ao presente que o
cidadão daria à sua cidade no dia
do aniversário, eis que mais uma
vez a presença da violência se faz
sentir forte.
Nunca, na história das pesquisas realizadas pelo Datafolha, tantos disseram que querem dar segurança, mais segurança, paz ou
uma cidade mais pacífica de presente para São Paulo.
Pela primeira vez desde que a
pergunta é feita aos cidadãos, essa
resposta passa a casa dos 20%,
atingindo 21%, embora seja importante lembrar que ela sempre
esteve em primeiro lugar.
Em 1997, estava na casa dos
15%, caiu para 13% em 2000, subiu para 19% em 2002 e, no presente levantamento, galgou mais
dois pontos percentuais.
A segunda resposta dada pelos
entrevistados também tem a ver
com os aspectos negativos da cidade e também experimenta uma
curva ascendente. Trata-se de
mais trabalho e emprego. Em
1997, 6% desejavam dar isso de
presente à cidade. O número subiu para 9% em 2000, 10% em
2001 e atinge 11% em 2003.
O item que aparece em terceiro
lugar diz respeito ao ambiente,
uma vez que 9% responderam
que querem a cidade submetida a
uma limpeza geral ou com mais
árvores, menos poluição ou rios
limpos ou com o ar mais puro.
A preocupação nesta área aumentou bastante, porque na pesquisa anterior ambiente era mencionado somente por 4% dos entrevistados.
Os dois aspectos que vêm a seguir, no rol dos presentes para a
cidade, são relativos à administração pública (administrador, prefeito, vereadores ou governador
melhores) e ao apoio à população
carente. Do total de entrevistados,
apenas 2% disseram que não gostariam de dar nenhum presente
para São Paulo.
(LUIZ CAVERSAN)
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