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Tietê já teve 29 projetos fracassados
Desfigurado por megaempreendimentos, o rio ostenta marcas das várias tentativ as de contê-lo
TAI NALON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde 1948 até hoje, ao menos 29 estudos e intervenções
foram feitos no rio Tietê, na região metropolitana de SP, no
esforço de conter enchentes,
combater doenças e despoluir
suas águas. Depois de 152 anos,
o rio amarga seguidos fracassos
-nenhum dos projetos chegou
ao fim ou ao objetivo esperado.
O resultado disso se reflete
na paisagem: desfigurado por
megaempreendimentos de engenharia, o rio Tietê ostenta
marcas de cada uma das tentativas malsucedidas de contê-lo.
Exemplo disso é o projeto do
engenheiro Saturnino de Brito,
de 1924. Foi, por um breve período, o plano oficial do município para a urbanização do entorno do rio. Até hoje tido por
urbanistas como referência,
acabou descartado. Como resquício ficou o atual traçado do
rio, parecido com o do projeto.
Foram as prioridades da SP-metrópole, porém, que decretaram a morte de mais de uma
dezena de projetos. De 1890 até
1930, com algumas interrupções, o município manteve uma
comissão estratégica de estudos do rio. A partir de então,
deslocar-se com rapidez tornou-se, tal como é hoje, a vedete da engenharia paulistana.
O Plano de Avenidas do prefeito Prestes Maia exemplifica
essa transição de prioridades.
De início, a marginal era para
ser, na verdade, uma avenida
verde. Conciliava planejamento urbano com a construção de
avenidas, mas foi desfigurada
pelas gestões seguintes.
A partir de então, com um
Tietê poluído e margeado por
avenidas impermeáveis, seguiu-se mais de uma dezena de
projetos pontuais de infraestrutura urbana para conter o
derramamento de esgotos e escoar a água das enchentes.
Até a década de 1970, por
exemplo, a solução era cruzar
as montanhas com tubos de esgoto parcialmente tratado,
conforme previa, por exemplo,
o projeto "Solução Integrada".
Para conter as enchentes, seriam construídas seis barragens ao longo do rio -de pé só
ficou a de Ponte Nova.
As décadas seguintes traçaram metas que município e Estado ainda tentam provar serem viáveis. Por 25 anos e pelo
menos cinco projetos, insistiu-se na ampliação da calha como
solução para as cheias e na revisão de metas de saneamento.
Para a arquiteta urbanista
Jenny Zoila Baldiviezo Perez,
professora da FMU, assim como os projetos, a relação do
paulistano com o rio foi interrompida. "Hoje, esse é um dos
principais entraves para se fazer uma proposta definitiva".
Aos 456 anos de SP, a cidade
ainda tenta alcançar o bonde da
história. Enquanto isso permanece no passado, conforme
afirma Perez. "O Tietê ainda é
um território do século 19", diz.
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