São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Projeto de 1924 previa bulevar onde hoje é a marginal

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imagine um rio Tietê com barcos, pedalinhos e peixes. Pense também em um rio Tietê de onde é possível retirar a água para cozinhar e tomar banho. Vá mais além: imagine um Tietê margeado por um bulevar florido entrecortado por canais que avançariam São Paulo adentro, rumo ao ponto final das barcas que levariam diariamente trabalhadores em fim de expediente para casa.
Todas essas possibilidades -hoje apenas fruto dos sonhos do mais criativo arquiteto- foram contempladas por aquele que é até hoje considerado "o projeto dos projetos" urbanísticos para as margens do rio Tietê -o do engenheiro urbanista Saturnino de Brito.
O estudo "Melhoramentos do Rio Tietê" foi apresentado em 1924 por uma comissão nomeada pela prefeitura e liderada pelo engenheiro, mas nunca saiu do papel -seja por divergências políticas; seja por ter sido considerado caro.
Dele, porém, ainda partem ideias propagandeadas como o último megainvestimento da engenharia moderna paulistana; a construção de piscinões para conter as notórias enchentes de verão de São Paulo, por exemplo.
Brito previa uma solução para as enchentes diferente do que é executado hoje. Conforme a planta do projeto, dois lagos funcionariam como piscinões. Na altura de Santana (zona norte), o leito do rio seria ampliado. Os lagos seriam separados por uma ilha, por cima da qual passaria a ponte das Bandeiras. Ali também desaguaria o rio Tamanduateí.
A impermeabilização das margens tal como hoje não estava em seus planos, embora tenha sido o primeiro a esboçar vias marginais em um Tietê retificado. Já que previa transporte de pessoas pelo rio, as ruas serviriam de ponto de encontro e lugar de passeio. As pontes, de ligação entre bairros residenciais, os quais, por sua vez, ocupariam as margens a uma distância segura.
"Saturnino dizia não estar interessado na beleza paisagística do Tietê, mas em sua funcionalidade para a cidade", afirma a arquiteta urbanista Jenny Zoila Baldiviezo Perez. O projeto, segundo ela, é de qualidade indiscutível. (TN)


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