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Projeto de 1924 previa bulevar onde hoje é a marginal
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Imagine um rio Tietê com
barcos, pedalinhos e peixes.
Pense também em um rio Tietê
de onde é possível retirar a água
para cozinhar e tomar banho.
Vá mais além: imagine um Tietê margeado por um bulevar
florido entrecortado por canais
que avançariam São Paulo
adentro, rumo ao ponto final
das barcas que levariam diariamente trabalhadores em fim de
expediente para casa.
Todas essas possibilidades
-hoje apenas fruto dos sonhos
do mais criativo arquiteto- foram contempladas por aquele
que é até hoje considerado "o
projeto dos projetos" urbanísticos para as margens do rio
Tietê -o do engenheiro urbanista Saturnino de Brito.
O estudo "Melhoramentos
do Rio Tietê" foi apresentado
em 1924 por uma comissão nomeada pela prefeitura e liderada pelo engenheiro, mas nunca
saiu do papel -seja por divergências políticas; seja por ter sido considerado caro.
Dele, porém, ainda partem
ideias propagandeadas como o
último megainvestimento da
engenharia moderna paulistana; a construção de piscinões
para conter as notórias enchentes de verão de São Paulo,
por exemplo.
Brito previa uma solução para as enchentes diferente do
que é executado hoje. Conforme a planta do projeto, dois lagos funcionariam como piscinões. Na altura de Santana (zona norte), o leito do rio seria
ampliado. Os lagos seriam separados por uma ilha, por cima
da qual passaria a ponte das
Bandeiras. Ali também desaguaria o rio Tamanduateí.
A impermeabilização das
margens tal como hoje não estava em seus planos, embora
tenha sido o primeiro a esboçar
vias marginais em um Tietê retificado. Já que previa transporte de pessoas pelo rio, as
ruas serviriam de ponto de encontro e lugar de passeio. As
pontes, de ligação entre bairros
residenciais, os quais, por sua
vez, ocupariam as margens a
uma distância segura.
"Saturnino dizia não estar interessado na beleza paisagística do Tietê, mas em sua funcionalidade para a cidade", afirma
a arquiteta urbanista Jenny
Zoila Baldiviezo Perez. O projeto, segundo ela, é de qualidade
indiscutível.
(TN)
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