São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Índice

Aos poucos, o centro de SP é redescoberto

Apesar da atmosfera de insegurança, região central da capital paulista reserva diversas opções de lazer

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na tarde da última sexta-feira, o engenheiro Edson Cresciulo saía do Cine Marabá, na avenida Ipiranga, no centro da capital, com um saco de pipoca na mão. Minutos depois, enquanto esperava para atravessar a avenida, foi abordado por um garoto de rua: "Tio, me dá uma pipoca?". Cresciulo fez que não e continuou a caminhar tranquilamente em direção à praça da República.
"A gente se acostuma", disse ele sobre a ambivalência da área central, onde as opções culturais estão imersas numa atmosfera de insegurança. Para o engenheiro, quem frequenta o centro tem mais facilidade de conviver com os problemas e aproveitar o que a região tem de bom. "Minha mulher, que nunca vem para cá, outro dia me fez percorrer de carro os 200 metros que separam meu escritório do Terraço Itália, onde íamos jantar", conta.
Apesar da ampla oferta de linhas de ônibus e metrô, a consultora imobiliária Fátima Lopes, 44, só vai ao centro de carro. "Faço o que tenho de fazer e vou embora. Para passear, prefiro ir a um shopping", diz ela, que lamenta nunca ter ido a exposições, cinemas, cafés e outros pontos culturais do centro.
"Essa sensação de insegurança agrava muito a questão objetiva. Será que de fato é tão perigoso assim andar no centro?", diz Roney Cytrynowicz, organizador do "Dez Roteiros Históricos a Pé em São Paulo" (Ed. Narrativa Um, 238 págs. R$ 35).
Para ele, parte da população opta por ficar distante do centro, cultural e socialmente. "Não dá para ignorar nem passar por cima do problema de segurança, mas é possível descobrir a cidade sem ingenuidade", afirma ele, que deve lançar em agosto uma nova edição com outros roteiros paulistanos.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não informa a quantidade ou tipo de crime cometido em cada região da cidade, mas, segundo frequentadores, os furtos são o delito mais comum na área central.

Fuja do óbvio
Quem se predispõe a caminhar acaba agraciado pela descoberta de lugares interessantes e pouco conhecidos.
A galeria da rua Nova Barão, uma travessa da rua Sete de Abril, é uma meca dos vinis, com nove lojas especializadas em diversos gêneros, além de um pátio com jardins.
Na rua São Joaquim, 285, na Liberdade, o templo budista Busshinji oferece meditação para iniciantes nas manhãs e finais de tarde de quartas e sábados. Todos os meses, é realizada uma cerimônia pela paz chamada Kanon. Quem estiver passando pode entrar e se servir de uma refeição preparada pela comunidade. Para desfrutar da comida -testada e aprovada pela reportagem- , pode-se sentar nas cadeiras colocadas em frente ao templo, enquanto os monges entoam mantras de paz. A próxima cerimônia ocorre nesta quinta.


Texto Anterior: Crônica: História paulistana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.