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Aos poucos, o centro de SP é redescoberto
Apesar da atmosfera de insegurança, região central da capital paulista reserva diversas opções de lazer
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tarde da última sexta-feira, o engenheiro Edson Cresciulo saía do Cine Marabá, na
avenida Ipiranga, no centro da
capital, com um saco de pipoca
na mão. Minutos depois, enquanto esperava para atravessar a avenida, foi abordado por
um garoto de rua: "Tio, me dá
uma pipoca?". Cresciulo fez
que não e continuou a caminhar tranquilamente em direção à praça da República.
"A gente se acostuma", disse
ele sobre a ambivalência da
área central, onde as opções
culturais estão imersas numa
atmosfera de insegurança. Para
o engenheiro, quem frequenta
o centro tem mais facilidade de
conviver com os problemas e
aproveitar o que a região tem
de bom. "Minha mulher, que
nunca vem para cá, outro dia
me fez percorrer de carro os
200 metros que separam meu
escritório do Terraço Itália, onde íamos jantar", conta.
Apesar da ampla oferta de linhas de ônibus e metrô, a consultora imobiliária Fátima Lopes, 44, só vai ao centro de carro. "Faço o que tenho de fazer e
vou embora. Para passear, prefiro ir a um shopping", diz ela,
que lamenta nunca ter ido a exposições, cinemas, cafés e outros pontos culturais do centro.
"Essa sensação de insegurança agrava muito a questão objetiva. Será que de fato é tão perigoso assim andar no centro?",
diz Roney Cytrynowicz, organizador do "Dez Roteiros Históricos a Pé em São Paulo" (Ed.
Narrativa Um, 238 págs. R$ 35).
Para ele, parte da população
opta por ficar distante do centro, cultural e socialmente.
"Não dá para ignorar nem passar por cima do problema de segurança, mas é possível descobrir a cidade sem ingenuidade",
afirma ele, que deve lançar em
agosto uma nova edição com
outros roteiros paulistanos.
A Secretaria da Segurança
Pública de São Paulo não informa a quantidade ou tipo de crime cometido em cada região da
cidade, mas, segundo frequentadores, os furtos são o delito
mais comum na área central.
Fuja do óbvio
Quem se predispõe a caminhar acaba agraciado pela descoberta de lugares interessantes e pouco conhecidos.
A galeria da rua Nova Barão,
uma travessa da rua Sete de
Abril, é uma meca dos vinis,
com nove lojas especializadas
em diversos gêneros, além de
um pátio com jardins.
Na rua São Joaquim, 285, na
Liberdade, o templo budista
Busshinji oferece meditação
para iniciantes nas manhãs e finais de tarde de quartas e sábados. Todos os meses, é realizada uma cerimônia pela paz chamada Kanon. Quem estiver
passando pode entrar e se servir de uma refeição preparada
pela comunidade. Para desfrutar da comida -testada e aprovada pela reportagem- , pode-se sentar nas cadeiras colocadas em frente ao templo, enquanto os monges entoam
mantras de paz. A próxima cerimônia ocorre nesta quinta.
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