São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2001

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Bin Laden "alerta" contra cruzadas

DA REDAÇÃO

Osama bin Laden, principal suspeito de envolvimento nos atentados terroristas contra os EUA no dia 11, exortou os muçulmanos do Paquistão a resistir "às forças das cruzadas norte-americanas", segundo declaração feita em uma carta publicada pelo canal de notícias árabe Al Jazeera, do Qatar.
A carta estaria assinada por Bin Laden e datada de domingo. O milionário saudita costuma se comunicar com o exterior por meio da Al Jazeera -rede de TV bem conceituada entre os árabes por seu grande alcance e sua política editorial independente e agressiva- em procedimento semelhante ao utilizado ontem.
O governo norte-americano não comentou se confirmava a veracidade nem o conteúdo da carta. Especialistas consultados pela rede de TV CNN disseram que a carta provavelmente era autêntica. O país continua na busca de Bin Laden, que estaria desaparecido, podendo inclusive estar fora do país, de acordo com o Taleban, grupo extremista que controla o Afeganistão. Os Estados Unidos rejeitaram a versão do Taleban e disseram que ele permanece em território afegão e em contato com o regime.

Agressão
"Anuncio, caros irmãos, que seguimos em frente na guerra santa ao lado do heróico e fiel povo afegão, liderados pelo mulá Mohamad Omar (líder do Taleban)", disse Bin Laden.
O milionário saudita nega envolvimento nos atos terroristas contra Nova York e os arredores de Washington no dia 11. Os Estados Unidos, no entanto, acusam Bin Laden de envolvimento nos atentados recentes e também contra embaixadas norte-americanas na África em 1998 e contra o navio USS Cole, ano passado, no Iêmen.
As principais críticas de Bin Laden aos EUA se referem ao apoio dado a Israel, que ocupa territórios palestinos, e à presença de forças militares norte-americanas em territórios sagrados para o islamismo, como a Arábia Saudita.
Na declaração, Bin Laden diz estar informado de que alguns muçulmanos paquistaneses foram mortos em Karachi, centro financeiro do Paquistão, quando expressavam sua oposição à "agressão das cruzadas dos norte-americanos e de seus aliados em terras muçulmanas paquistanesas e do Afeganistão".
Bin Laden disse estar pedindo a Deus para que as vítimas de Karachi sejam aceitas como mártires. "Espero que eles se transformem nos primeiros mártires da batalha do Islã contra as novas cruzadas e as campanhas judaico-cristãs, encabeçada por Bush (George W. Bush, presidente dos EUA)."
O saudita afirmou na carta que todos os muçulmanos no Paquistão devem utilizar tudo o que está ao alcance para evitar a invasão de tropas dos Estados Unidos ao país.

Apoio aos EUA
O governo do Paquistão, país de maioria muçulmana, sob a liderança do general Pervez Musharraf, está apoiando o governo dos Estados Unidos na caçada a Bin Laden.
Em troca, os Estados Unidos levantaram sanções econômicas impostas ao Paquistão após o país ter realizado testes nucleares em 1998. Os EUA também ajudarão financeiramente a economia paquistanesa, atualmente em crise.
O apoio, porém, pode custar caro ao governo paquistanês, que chegou ao poder por meio de um golpe em 1999. Parte da população do Paquistão apóia Bin Laden.
Por outro lado, caso o Paquistão não sustentasse a posição norte-americana, o país poderia sofrer retaliações militares da maior potência do planeta.
O governo dos Estados Unidos promete atacar todos os países e grupos que apóiem ideologicamente e financeiramente atentados terroristas.


Com agências internacionais



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