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Procura leva Einstein a dobrar de tamanho
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
CONSIDERADO o melhor hospital de São
Paulo por 43% dos médicos entrevistados
pelo Datafolha, o Hospital Israelita Albert
Einstein está lotado. Seus 512 leitos atuais
têm 80% de média de ocupação por dia. O sucesso de
público e crítica, contudo, às vezes implica sofrimento
para os pacientes, obrigados a longas esperas por
um leito (exceção feita, é
claro, aos com risco de
morte). Para resolver o
problema, três novos prédios estão sendo construídos. O objetivo: dobrar o
tamanho das instalações.
Especializado em atendimento ambulatorial, o novo
prédio do Einstein implicará
mais 220 leitos, além dos 512
atuais, 150 consultórios, além
dos 100 atuais, 12 salas de cirurgia, além das 28 atuais, ao custo
de R$ 360 milhões até 2012.
"Estamos investindo em desospitalização", explica o médico Claudio Luiz Lottenberg,
presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a mantenedora
do hospital. O aparente paradoxo de um hospital investindo
em desospitalização explica-se:
"Hoje, a medicina tem um arsenal de procedimentos terapêuticos minimamente invasivos
que permitem ao paciente entrar de manhã no hospital e sair
no mesmo dia. Sem necessidade de internação prolongada."
Com o novo prédio, o Einstein poderá separar os processos rápidos dos crônicos. "Com
o envelhecimento da população, um perfil de doenças associadas à idade necessitará de
cuidados cada vez maiores, entre elas câncer, diabetes, doenças cardiovasculares", diz Lottenberg. A idéia é aprimorar os
atendimentos em áreas em que
o Einstein já é considerado padrão de excelência.
Dono da UTI e do centro cirúrgico mais bem avaliados pela pesquisa Datafolha, com 41%
e 28% das preferências, respectivamente, o Einstein mostra
músculos quando se trata de
tecnologia em aparelhagem.
Cleverson Perseu Lopes, físico-médico do centro oncológico, exibe os três aceleradores lineares da sua unidade. Ele e seu
time conseguem planejar radioterapias e executá-las com
precisão de 1 mm. Poupa-se tecido sadio e focaliza-se a mira
no ataque ao tumor.
O prontuário de cada paciente pode ser acessado de todas as
unidades do hospital. "Mas isso
qualquer um pode ter. Basta investimento. Nossa prioridade
está em aprimorar processos",
afirma Lottenberg.
Para a formação do corpo clínico, o Einstein criou o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, que mantém uma faculdade
de enfermagem, escola técnica
profissionalizante em saúde e
26 cursos de pós-graduação,
além de residências médicas
em UTI, pediatria e imagem.
Primeiro hospital a receber
certificação de qualidade da
Joint Commission International, a principal entidade de
acreditação de serviços de saúde dos EUA, ainda em 1999, o
Einstein já foi aprovado em
duas avaliações subseqüentes.
Na última, em fevereiro de
2006, 1.055 itens referentes a
365 padrões de qualidade foram auditados -de infra-estrutura à capacitação de recursos
humanos, passando por controle de infecção hospitalar.
Segundo a enfermeira Francisca Pereira de Almeida, o programa de excelência e qualidade do hospital inclui a coleta de
dados epidemiológicos, que
permitem a comparação dos
serviços do Einstein com as
melhores instituições do mundo. Os responsáveis por esse
trabalho são enfermeiros e médicos com dedicação exclusiva
-eles ficam fora da assistência
direta aos pacientes.
Dito assim, fica parecendo
que os cuidados com excelência
dizem respeito só a procedimentos complexos. Não é assim. No Einstein, grupos de
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos reúnem-se periodicamente para revisar rotinas.
Segundo o médico intensivista
Oscar Pavão, gerente do setor
de pacientes graves, que cuida
da UTI, da semi-UTI e da Unidade de Primeiro Atendimento, hoje se sabe que a simples
manutenção do paciente de
UTI com a cabeça levantada a
45 em relação ao corpo reduz
em muito o risco de infecções.
"Nosso objetivo é que o atendimento seja excelente em todas as etapas. Não adianta ter o
melhor centro cirúrgico se procedimentos simples acabam
negligenciados", diz Pavão.
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