São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Procura leva Einstein a dobrar de tamanho

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

CONSIDERADO o melhor hospital de São Paulo por 43% dos médicos entrevistados pelo Datafolha, o Hospital Israelita Albert Einstein está lotado. Seus 512 leitos atuais têm 80% de média de ocupação por dia. O sucesso de público e crítica, contudo, às vezes implica sofrimento para os pacientes, obrigados a longas esperas por um leito (exceção feita, é claro, aos com risco de morte). Para resolver o problema, três novos prédios estão sendo construídos. O objetivo: dobrar o tamanho das instalações.
Especializado em atendimento ambulatorial, o novo prédio do Einstein implicará mais 220 leitos, além dos 512 atuais, 150 consultórios, além dos 100 atuais, 12 salas de cirurgia, além das 28 atuais, ao custo de R$ 360 milhões até 2012.
"Estamos investindo em desospitalização", explica o médico Claudio Luiz Lottenberg, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a mantenedora do hospital. O aparente paradoxo de um hospital investindo em desospitalização explica-se: "Hoje, a medicina tem um arsenal de procedimentos terapêuticos minimamente invasivos que permitem ao paciente entrar de manhã no hospital e sair no mesmo dia. Sem necessidade de internação prolongada."
Com o novo prédio, o Einstein poderá separar os processos rápidos dos crônicos. "Com o envelhecimento da população, um perfil de doenças associadas à idade necessitará de cuidados cada vez maiores, entre elas câncer, diabetes, doenças cardiovasculares", diz Lottenberg. A idéia é aprimorar os atendimentos em áreas em que o Einstein já é considerado padrão de excelência.
Dono da UTI e do centro cirúrgico mais bem avaliados pela pesquisa Datafolha, com 41% e 28% das preferências, respectivamente, o Einstein mostra músculos quando se trata de tecnologia em aparelhagem.
Cleverson Perseu Lopes, físico-médico do centro oncológico, exibe os três aceleradores lineares da sua unidade. Ele e seu time conseguem planejar radioterapias e executá-las com precisão de 1 mm. Poupa-se tecido sadio e focaliza-se a mira no ataque ao tumor.
O prontuário de cada paciente pode ser acessado de todas as unidades do hospital. "Mas isso qualquer um pode ter. Basta investimento. Nossa prioridade está em aprimorar processos", afirma Lottenberg.
Para a formação do corpo clínico, o Einstein criou o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, que mantém uma faculdade de enfermagem, escola técnica profissionalizante em saúde e 26 cursos de pós-graduação, além de residências médicas em UTI, pediatria e imagem.
Primeiro hospital a receber certificação de qualidade da Joint Commission International, a principal entidade de acreditação de serviços de saúde dos EUA, ainda em 1999, o Einstein já foi aprovado em duas avaliações subseqüentes. Na última, em fevereiro de 2006, 1.055 itens referentes a 365 padrões de qualidade foram auditados -de infra-estrutura à capacitação de recursos humanos, passando por controle de infecção hospitalar.
Segundo a enfermeira Francisca Pereira de Almeida, o programa de excelência e qualidade do hospital inclui a coleta de dados epidemiológicos, que permitem a comparação dos serviços do Einstein com as melhores instituições do mundo. Os responsáveis por esse trabalho são enfermeiros e médicos com dedicação exclusiva -eles ficam fora da assistência direta aos pacientes.
Dito assim, fica parecendo que os cuidados com excelência dizem respeito só a procedimentos complexos. Não é assim. No Einstein, grupos de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos reúnem-se periodicamente para revisar rotinas. Segundo o médico intensivista Oscar Pavão, gerente do setor de pacientes graves, que cuida da UTI, da semi-UTI e da Unidade de Primeiro Atendimento, hoje se sabe que a simples manutenção do paciente de UTI com a cabeça levantada a 45 em relação ao corpo reduz em muito o risco de infecções.
"Nosso objetivo é que o atendimento seja excelente em todas as etapas. Não adianta ter o melhor centro cirúrgico se procedimentos simples acabam negligenciados", diz Pavão.


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